Foi este o título escolhido pelo Prof João Ferreira do Amaral para a conferência de abertura do 1º encontro da recém-criada Associação Portuguesa de Economia Política o qual ocorreu nos dias 25-27 de Janeiro.
Espero, vivamente, que, dentro em breve, o texto desta conferência fique disponível ao público em geral e que mereça o devido interesse por parte do mundo académico, mas também da comunicação social. O tema não pode ficar fechado no castelo do saber dos convertidos…
Tive o privilégio de ler o texto de João Ferreira do Amaral na íntegra e considero que o mesmo deveria ser bibliografia obrigatória dos cursos de economia e de gestão.
Porém, como conseguir que assim suceda se, no interior da própria academia, tal obrigaria a mudar radicalmente os curricula e os programas de algumas disciplinas nucleares?
Com efeito, a desmontagem, lúcida e bem fundamentada, que JFA desenvolve na sua exposição acerca do paradigma neoliberal - e que tenho por essencial, na óptica de busca de verdade que deve inspirar e guiar todo o cientista na sua dupla função de investigador e docente - esbarra com a teoria de micro-economia e de macro-economia que continua a transmitir-se, acriticamente, aos estudantes dos primeiros anos da maioria dos cursos de economia e de gestão, sendo um dos factores de sustentação da designada resiliência do paradigma neoliberal.
Concordo com JFA quando defende a inclusão nos programas de licenciatura em Economia ou Gestão de áreas disciplinares como a Psicologia ou a Sociologia, bem como a relevância do fomento da inter-disciplinariedade em projectos de investigação ou na avaliação de provas em carreiras académicas.
E acrescento: Perscrutando o futuro, sonho com o dia em que os curricula e os programas dos cursos de economia e de gestão se iniciem com a história do pensamento económico e que este contemple a génese, o apogeu e o fim do paradigma neoliberal, seguido de novo conhecimento científico baseado na realidade substantiva da economia e da sociedade.
Foi esse o sonho de há 45 anos quando me decidi a inscrever no curso de economia da FEP, e que em parte pude alimentar com outros colegas nos anos que frequentamos, em que o espírito critico e interdisciplinar eram cultivados por alguns professores e alunos....e em que até se aprendia e se praticou o Associativismo, Cooperativismo....., e trabalhos de campo, visitas a empresas, etc; e os alunos com apoio de alguns professores criaram uma Revista de debate (com o nome pomposo de "Praxis", que durou uns seis anos) e promoviam sessões culturais, teatro, etc. bastante participadas.
ResponderEliminarUma nova economia ao serviço de um desenvolvimento humano e sustentável:um sonho a recriar em novos moldes?
Agradeço o seu comentário que é um precioso testemunho de que é possível ousar esperar mudanças significativas nos actuais curricula e programas do ensino da economia. Assim surjam os protagonistas com a motivação, a competência e a ousadia (muita) para o fazerem! No GES estamos tentando dar o nosso contributo chamando o tema à reflexão e ao debate...
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