Este post vem a propósito de um artigo de International Politics sobre a chamada Moderna Teoria Monetária. A quem também alguns chamam o efeito "bazuca", ou seja, a transferência directa de dinheiro para as famílias e empresas como saída para a presente crise - e outras que venham a surgir...Embora ainda seja cedo para tirar conclusões definitivas e o artigo se limite aos EUA, parece haver já alguma matéria para reflexão.
Antes de mais, não se correrá o risco de
gerar, ou agravar, a inflação: existem grandes output gaps, ou seja, capacidade
de produção instalada e subutilizada devido às paragens e redução de actividade
da economia. Por outro lado, o aumento do rendimento disponível das famílias
assim conseguido permite-lhes, sem dúvida, acorrer às suas necessidades
imediatas - admitindo que é suficiente para isso... Mas também se pode traduzir
em aumento da poupança, como parece estar a suceder em Portugal, mais do que
contribuir para o aumento dos consumos, da procura agregada. Aqui, Keynes não
teria razão...
E as empresas? Terão condições para retomar a produção e com ela o emprego? Muitas sim, outras precisarão de maiores períodos de tempo para tal, terão de não ter perdido muitos nem grandes mercados de venda internos e de exportação. E a quebra da economia e da produção é agora global... Basta pensar no sector hoteleiro e no turismo. Mas também na comercialização de viagens e em todo um mundo de actividades que se viram de repente comprometidas, como sabemos.
Até quando?
Aí reside o busílis da questão. Não se sabe, nem sequer se pode prever com o mínimo rigor, quando passará esta crise, este choque exógeno, em linguagem da economia. E a incerteza é inimiga da expansão dos negócios e, também, das grandes compras familiares. Talvez assim se perceba melhor que a procura da vacina, sendo uma questão prioritária de saúde pública, não é menos um objecto de poder económico e político.
A curto prazo, a oferta monetária terá
efeitos positivos na componente mais directa (L1), dinheiro em caixa ou no
banco. E no alívio do sofrimento das famílias, o que é, ou devia ser, o
principal objectivo imediato.
A economia, em si, a sua reacção e
reanimação, precisarão de um conjunto de outras medidas de política e,
especialmente, dos efeitos destas a médio e longo prazos.
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