26 fevereiro 2018

Ainda a resiliência do neoliberalismo

1. A excelente comunicação ao 1º Encontro Anual de Economia Política apresentada pelo Professor João Ferreira do Amaral, intitulada “A surpreendente resiliência do paradigma neoliberal”, teve o mérito de chamar a atenção quer para a “indigência da capacidade explicativa, o falhanço das previsões e os maus resultados das políticas económicas” do neoliberalismo, quer para os factores que explicam a sua resiliência e a necessidade de os remover.

2. A sua leitura trouxe-me à memória um outro aspecto que considero igualmente decepcionante e até perigoso. Lemos e ouvimos com muita frequência no discurso de muitos “opinion makers” ( e num passado não muito distante, até no das mais altas figuras do Estado ! ) a argumentação, umas vezes explícita, outras implícita de que, porque são uma realidade, temos que aceitar o comportamento das grandes multinacionais, dos bancos, dos mercados, etc., numa reveladora e triste ausência de capacidade para analisar causas e consequências. Ora, a humanidade só evolui quando se inquieta e parte à procura de soluções para os problemas

.3. E é perigoso porque um tal discurso “transporta” para o inconsciente de quem ouve e lê (e todos sabemos como são permeáveis as mentes menos esclarecidas) a predisposição ao conformismo, à resignação a uma vida para muitos escravizante, sem sonho. E no plano nacional à subserviência aos grandes interesses e à progressiva perda de soberania e consequente incapacidade de decidirmos o nosso futuro colectivo

.4. E se reflectirmos um pouco mais, vemos que tal comportamento contribui, também ele, para a manutenção de um “modus vivendi” suportado por um sistema que, pelas desastrosas consequências sociais e ambientais que gera, caminha largamente para a destruição das condições de vida na Terra.

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