1. Não nos move qualquer interesse material ou sentimental no que respeita à localização dos aeroportos. Porém, olhemos para a realidade em que vivemos:
a) um aeroporto, em Faro, prestes a esgotar a sua capacidade e, ao que parece, sem possibilidade de ampliação;
b) um país economicamente bastante dependente do exterior e financeiramente muito endividado;
c) um mundo a aproximar-se perigosamente da extinção de vida na Terra e política e socialmente no mínimo preocupante e incerto quanto ao futuro.
2. Razões pelas quais consideramos a simples construção de um novo aeroporto na região de Lisboa (já de si congestionada, poluída e em muitos aspectos esgotada) um delito do ponto de vista ambiental, financeiro e atentatório da coesão social, tanto mais que existe já um aeroporto internacional em Beja que dispõe de uma capacidade aeroportuária equivalente a dois terminais de Lisboa-Portela e que, segundo se pode ler no site da ANA - Aeroportos de Portugal “este terminal de passageiros, de carga e de manutenção de aeronaves está preparado para receber todo o tipo de operações com um elevado nível de eficiência”.
3. Mas Beja não fica longe? Fica, sem dúvida. Mas vejamos:
a) por razões conhecidas, a tendência europeia, se não mundial, é para afastar os aeroportos das grandes metrópoles;
b) nem todos os passageiros que desembarcam em Lisboa têm a região de Lisboa como destino e a tendência, cada vez mais acentuada, dos fluxos turísticos é para o denominado turismo ecológico, procurando ambientes calmos, recuperadores de períodos desgastantes; para além de outras regiões igualmente aprazíveis, Portugal tem no Alentejo (1/3 do território do continente) uma zona de excelência, deste ponto de vista;
c) de Lisboa até Torre Vã (concelho de Ourique) a linha ferroviária do Sul está modernizada e preparada para velocidades de 220 kms/hora;
d) os custos de adaptação do restante troço de linha férrea necessário, para além de elegíveis para fundos comunitários, são diminutos comparativamente aos custos necessários e não elegíveis na região de Lisboa;
e) é o próprio Conselho Superior das Obras Públicas que chama a atenção para que, no que respeita aos investimentos previstos na área dos transportes, se verifica “um certo desequilíbrio espacial em favor das duas áreas metropolitanas, em especial da Área Metropolitana de Lisboa, em detrimento do restante território continental, comprometendo assim o objectivo de coesão nacional”;
f) por fim, supomos que os operadores turísticos, bem como a multinacional francesa VINCI, detentora atual da ANA, estarão pouco ou nada interessados em Beja, mas as leis do mercado também servem para adaptar a procura à oferta, neste caso jogando com as taxas aeroportuárias de Beja e Portela, além de também resolver o problema de Faro.
4. Resumindo, se compararmos os principais factores relevantes para a decisão (distância em tempo, custo das infraestruturas, impactos positivos e negativos gerados e potencial de expansão) verificamos que apenas no primeiro deles a opção Beja sairá desfavorecida, sendo que nos restantes ultrapassará largamente as restantes opções.
5. Perguntamos: qualquer outra opção não será hipotecar o futuro dos nossos filhos e gerações vindouras?
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