Nos últimos anos o
emprego tem vindo a subir, acompanhando os resultados de uma melhor performance
económica. Podemo-nos contudo interrogar sobre o tipo de empregos que estão a
ser criados, designadamente quanto à sua qualidade, em termos de segurança no
emprego e nível de remuneração.
Um trabalho recente do
Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra fornece uma visão esclarecedora
sobre a situação actual. Para tanto, foram analisados os dados dos
Fundos de Compensação do Trabalho e de Garantia da Compensação do Trabalho,
criados pela Lei 70/2013, para assegurar “o direito dos trabalhadores ao
recebimento de metade do valor de compensação por despedimento”. O período em
análise refere-se ao início da constituição dos Fundos, ou seja, 2013, até 2017
(3º trimestre).
Em síntese, as
principais conclusões são as seguintes:
·
A consolidação da recuperação económica
não alterou a distribuição por tipo de contratos (permanentes e não
permanentes), celebrados depois de 2013, sendo que os contratos permanentes
representam apenas 34% dos novos contratos vigentes. Apesar de tudo,
registou-se uma melhoria no peso dos permanentes no total, nos três primeiros
trimestres de 2017.
·
O predomínio da precariedade é acompanhado
pela degradação da remuneração média dos novos contratos permanentes (na data
mais recente, nos 837 euros mensais), ao mesmo tempo que se assiste a uma
subida dos não permanentes (na mesma data, nos 777euros mensais).
·
O Salário Mínimo Nacional aparece cada
vez mais como remuneração de referência, sendo que as suas revisões influenciam crescentemente os restantes salários.
·
As causas da evolução encontrada
encontram-se sobretudo no facto da retoma económica ocorrer principalmente em
actividades com baixas produtividade e qualificações.
·
Existe uma assinalável discrepância
entre contractos assinados e vigentes. De facto, apesar de ser significativo o
número de contractos assinados, apenas 33% sobreviveu, desde a criação dos
Fundos.
A
pergunta que se impõe é a de saber para quando a criação de empregos com melhor
qualidade.
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