29 setembro 2010

“A Areia dos Dias” - Um blogue na senda de um desenvolvimento humano

Em finais de Julho último, demos início a este blogue e chamámo-lo “A Areia dos Dias”.

Até agora usámo-lo como meio de comunicação entre os seus autores, todos eles membros do Grupo Economia e Sociedade da Comissão Nacional Justiça e Paz.
Nestes dois meses de vida do blogue, pudemos ganhar alguma experiência, acumular reflexões várias e ajuizar da vantagem de o darmos a conhecer a outros públicos potencialmente interessados em acompanhar e participar nas temáticas de que nos vimos ocupando.

Pensamos que o devemos fazer. Assim, a partir de hoje, “A Areia dos Dias” estará disponível para visitas e comentários e haverá um grupo de autores que assume o encargo de animar o blogue com a publicação regular de novos textos.

O mundo em que vivemos e a situação em que se encontra o nosso País, em particular, exigem a coragem de uma leitura lúcida e responsável da realidade e que aproveitemos a areia dos dias para procurar construir uma nova economia e organização da sociedade ao serviço de um desenvolvimento verdadeiramente humano.

8 comentários:

  1. Gostei do que encontrei por aqui. Mas parece-me que têm um desafio complicado. Colando à "sustentabilidade" a vossa linha editorial, terão de ir demonstrando a possibilidade de perpetuar os patamares de prosperidade em que nos movimentamos pelo Ocidente. Trata-se de um empresa exigente. Boa sorte! :)

    ResponderEliminar
  2. Ou então...
    Comecemos por nos questionar sobre o que consideramos prosperidade e quais os fundamentos do modelo que implementou a ideia de "perpetuar os patamares de prosperidade", seja no Ocidente, seja noutras paragens.

    ResponderEliminar
  3. Sim, seria uma hipótese. Tim Jacksom tentou ir por aí ( Prosperity Without Growth ) . A meu ver há contudo uma dificuldade. É que quando se fala de “sustentabilidade”, ainda há muita gente que não saberá bem do que se trata ( a “coisa” banalizou de tal forma que até as rotundas já são “sustentáveis”). Mas quanto à “prosperidade” ninguém no mundo tem dúvidas – é a Suécia ou o Canadá ! Portanto, eu não sei qual dos conceitos será mais fácil de mudar. Depois há outro detalhe: a “prosperidade” tal como tem sido concebida , existe; a “sustentabilidade” da “prosperidade” permanece uma utopia ( devia ter escrito “ingenuidade”, pois gosto de “utopias” …:-)). Mas a Mª do Céu tem toda a razão no seu comentário: questionar os fundamentos da "prosperidade" é um xeque ao rei à ideia da "sustentabilidade".

    ResponderEliminar
  4. Ou, ainda:
    Coloquemos a qualidade de vida das pessoas(saúde, conhecimento,segurança, lazer, convivialidade ...) e o bem-comum (coesão social, justiça, equidade, solidariedade ...) no centro da economia (empresas e estado) e da organização da sociedade.

    ResponderEliminar
  5. Precisamente ! Na verdade a Manuela Silva é uma das principais responsáveis pela minha alergia à ideia de “desenvolvimento sustentável”. Em devido tempo ajudou-me a assimilar o conceito de desenvolvimento a uma dimensão ética ( social e ambiental ) cuja concretização no sentido da qualidade de vida e do bem comum implicam politicas orientadas por critérios de equidade social e de perenidade ( definida à Odum e à Pimentel pelos balanços dos fluxos de energia envolvidos ) dos processos produtivos. Por isso a ideia de sustentabilidade anexa á de desenvolvimento sempre me soou a redundância inútil. O Desenvolvimento já se definia em oposição ao progresso pelo crescimento. Houve abusos do conceito? Pois houve. Mas a meu ver o Relatório Brundtland prestou um péssimo serviço “à causa”, onde poderia ter clarificado, aumentou a confusão, banalizando a tese de que seria possível nivelar por cima. Nessa medida a ideia de sustentabilidade tornou-se uma fonte de “ruído”. Havia necessidade ? Bem, a Manuela Silva foi uma das pessoas que me ensinou que os conceitos se querem simples para que as ideias resultem claras e a acção consequente. :-)

    ResponderEliminar
  6. Manuel Rocha highlights the challenge we face in attempting to transform our economic model to one with a more human face.
    “Sustainability” is a word little understood, at times not loved and seen to represent some fuzzy dream of activists. In truth, it is a word that encompasses so much that it is easier to ignore, for if we are true to the term, the required reform is enormous. And yet for others, “sustainability” has always been an objective of economic management, and so it should be! Economic planning entails long-term survival. So perhaps our problem is that we have steered far from the original concept of an economy. Let us recall here that the origin of the Greek word oikonomia means “management of the household.” Our society is the household.
    In a similar vein, Adam Smith´s “invisible hand” lost its original meaning, as market forces used this as an argument for unfettered, free markets. Smith would have cringed had he been around to observe this. He was a utilitarian, who believed in empathy as a necessary social bond, and empathy does not support profit at any cost.
    Finance is the lifeline of our system and an important and necessary force. Ecological resources are taken for granted, but we should value them. The ecological balance is so vital for our survival. A harmonious society is the basis for happiness. We have such riches. We just have to use and treat them well and responsibly.

    ResponderEliminar
  7. Com este novo comentário de Maria José Melo Antunes, uma das autoras deste blogue, Manuel Rocha e os nossos outros leitores ficarão cientes de como o conceito de sustentabilidade e sua crítica interessam à reflexão do GES. Fazem parte do debate em torno de um outro conceito - o de desenvolvimento.
    Falar de economia responsável é tema mais abrangente que remete para a necessidade de religar a economia e a gestão (a teoria como a política)à consciência ética. Tudo temáticas a merecerem aprofundamento e debate

    ResponderEliminar
  8. De acordo, Cara Manuela Silva. Mas convenhamos que na substância o que a MariaJ. Antunes escreve não diverge do discurso fundador do PNUD,p.e., ou do fio condutor do discurso critico de Ilich ou de Lefebvre, entre outros. O que me parece é que certas abordagens destas questões induzem a confundir conceitos com estratégias. Dou de barato que faz todo o sentido discutir se uma estratégia concreta de desenvolvimento deve dar prioridade à educação, à saúde, ao crescimento da economia ou à perenidade dos processos produtivos. O que não me parece é que seja preciso refundar o conceito consoante a prioridade politica do contexto ou da conjuntura. Isso soa-me como se de cada vez que se dissesse "triângulo equilátero" fosse preciso acrescentar que é aquele que tem os lados iguais, ou os ângulos
    internos iguais, ou que se inscreve num circulo, oara salvaguardar confusões entre equilátero e isósceles. Além da redundância a meu ver desnecessária, as figuras da linguagem metonímica propiciam derrapagens que, quando chegam ao ridículo, podem mesmo por em causa as estruturas conceptuais com que percepcionamos as coisas . Está neste momento a decorrer em Lisboa uma conferência promovida pela “Cidaas” em que até os intervalos e os percursos nocturnos são “sustentáveis” ( “intervalo sustentável”, etc, assim mesmo, preto no branco, no programa do evento )!!!
    Concluo com uma reflexão de Lefebvre, pensada para o território humanizado, para sugerir que ela seria igualmente válida se a aplicássemos aos nossos “espaços mentais”.

    "Change life! Change Society! These ideas lose completely their meaning without producing an appropriate space. A lesson to be learned from soviet constructivists from the 1920s and 30s, and of their failure, is that new social relations demand a new space, and vice-versa”.

    ResponderEliminar

Os comentários estão sujeitos a moderação.