28 abril 2017

The Future you

Pouco conhecida entre nós, a TED é, contudo, uma prestigiada associação sem fim lucrativo, baseada em Monterey (Califórnia), composta, sobretudo, por jornalistas de diferentes áreas disciplinares. Tem por objectivo difundir o conhecimento e partilhar ideias relevantes para o futuro da Humanidade, no entendimento de que o poder das ideias muda o mundo, na medida em que suscita novas visões da vida, atitudes e comportamentos. 

Ganham cada vez mais audiência as TED talks, conversas curtas (cerca de quinze minutos) sobre os mais variadas temas. Nos últimos dias, tem feito sucesso a conversa gravada do Papa Francisco para o programa The Future You.

O tema agradou a Francisco: Gosto muito do título, disse, porque olha para o amanhã, mas convida desde hoje ao diálogo, olhando para o futuro convida a dirigir-se a um “tu”. 

Deixo um apontamento breve desta conversa gravada no Vaticano.

Construir o futuro, re-criando laços
Antes de tudo, gostaria muito que este encontro nos ajudasse a recordar que todos precisamos uns dos outros, que nenhum de nós é uma ilha, um “eu” autónomo e independente, separado dos outros. Só podemos construir o futuro mantendo-nos juntos, sem excluir ninguém. Não pensamos muito nisso, mas as coisas estão todas ligadas, e precisamos de restabelecer as nossas ligações.
 
Inovação científica e tecnológica com mais igualdade e inclusão social
Como seria belo se, à medida que descobrimos novos planetas distantes, descobríssemos as necessidades dos nossos irmãos e irmãs que orbitam à nossa volta! Como seria belo que a fraternidade, esta palavra tão bela e, por vezes, incómoda, não se reduzisse apenas à assistência social mas, pelo contrário, se tornasse na atitude de base nas opções a nível político, económico e científico, nas relações entre as pessoas, os povos e os países.

Educação para a fraternidade e a solidariedade
Só a educação na fraternidade, numa verdadeira solidariedade, pode ultrapassar a “cultura do desperdício”, que não diz respeito apenas aos alimentos e aos bens mas, acima de tudo, às pessoas que são marginalizadas dos sistemas tecno-económicos que, sem sequer se aperceberem, não colocam o homem no centro, mas os produtos do homem.

A revolução da ternura
O que é a ternura? É o amor que se aproxima e se torna concreto. É um movimento que parte do coração e chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos. A ternura significa usar os olhos para ver o outro, usar os ouidos para ouvir o outro, para escutar o grito das crianças, dos pobres, dos que têm medo do futuro, para escutar também o grito silencioso do nosso lar comum, desta Terra doente e poluída.

Concluo, chamando, ainda, a atenção para o tom em que decorre toda a conversa: um tom interpelativo e jubiloso que outorga confiança, poder e motivação a cada um dos ouvintes, um tu não descartável na construção do futuro comum. Um tom que convida à esperança.

Para nós, cristãos, o futuro tem um nome, e esse nome é esperança. Ter esperança não significa sermos ingênuos de forma optimista, ignorando a tragédia dos males da humanidade. A esperança é a virtude de um coração que não se fecha na escuridão, que não se fecha no passado, que não se limita a viver no presente, mas sabe ver o amanhã. A esperança é a porta aberta para o futuro.

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