Acaba de ser divulgado o
Relatório da Oxfam sobre a pobreza no Mundo. Os dados revelados são
confrangedores: na primeira década do milénio, apesar de bons propósitos, não só não foi
possível reduzir, significativamente, a pobreza nas regiões tradicionalmente mais
afectadas, com excepção para a China, como, entretanto, surgiram novos focos de
empobrecimento mesmo em países ditos desenvolvidos.
De assinalar que a desigualdade
e a concentração da riqueza tomaram proporções avassaladoras, pondo em evidência
a fraca capacidade distributiva e redistributiva da riqueza criada. A título de
exemplo:
- 46% da riqueza do mundo está concentrada nas mãos de apenas 1% da população;
- 85 pessoas em todo o mundo possuem riqueza que corresponde ao rendimento de 3.5 mil milhões dos mais pobres.
Diante deste quadro, há que mobilizar todos os
esforços para que se mantenha na agenda política o objectivo do Milénio sobre a
erradicação da pobreza, mas também é indispensável que se revejam em profundidade
as estratégias que foram seguidas para o alcançar.
Para tanto, há
que ouvir os próprios pobres e acolher as suas sugestões. Neste sentido, o
Movimento ATD procedeu a uma ampla auscultação junto dos empobrecidos de vários
continentes e com base nas experiências recolhidas propõe que nos programas oficiais
e das várias instituições de solidariedade social se tenham em conta os
seguintes critérios:
- Nunca deixar ninguém de lado. Para isso há que eliminar as discriminações de género, origem social ou derivada da pobreza, em todos os países.
- Incluir as pessoas vivendo na pobreza como novos colaboradores na elaboração dos conhecimentos sobre o desenvolvimento.
- Promover uma economia que respeite as pessoas e o ambiente, inclusivamente com empregos decentes e uma proteção social.
- Encorajar a cooperação dentro das escolas: entre alunos, famílias, professores e autarcas, para que a educação e a formação fiquem ao alcance de todos.
- Promover a paz através de uma forma de governo participativa. Para isso, é necessário ajudar as comunidades a formar as suas próprias organizações de apoio e verificar se as instituições locais, nacionais e internacionais, instalam mecanismos participativos.
Na altura em que se perfila a elaboração de novos
programas de luta contra a pobreza vale a pena promover uma ampla e criteriosa
reflexão sobre a experiência já havida e dela retirar as devidas consequências.
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