No Paquistão, a jovem Malala
arrisca a vida por defender o direito das raparigas à educação. Tem apenas 16
anos, mas a sua voz faz-se ouvir na ONU e nas cadeias mundiais dos media, em
defesa desse direito básico.
Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar a discriminação de
género nas suas múltiplas vertentes, que continua a existir em tantas partes do
mundo e de que o acesso à educação é exemplo flagrante, pois é condicionante de
acessos futuros a outros direitos universais. Há, pois, que juntar a nossa à
sua voz na denúncia dos atropelos à igualdade de género, tantas vezes sob a capa espessa dos
silêncios cobardes associados a interesses políticos e económicos.
Neste particular momento, em que
se torna urgente inverter uma subtil, mas real, degradação do ensino público no
nosso País, com consequências dramáticas para a previsível discriminação no
efectivo acesso ao direito à educação, a voz de Malala deveria interpelar
também os nossos governantes, políticos, professores e demais actores sociais, de
modo a suscitar um amplo debate nacional em torno da escola pública que temos e
que desejamos. Não é admissível que, por uma sucessão de meros actos
administrativos, de pretenso interesse conjuntural, se vão desconfigurando, como está a suceder, pilares essenciais da qualidade do ensino público.
A coragem de Malala é também um exemplo para os jovens do mundo ocidental que, tantas vezes, subestimam o valor do direito universal à educação e outras aquisições civilizacionais, tomando-os como adquiridos, e não se empenham, como deveriam, em valorizá-los e em defendê-los.
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