29 março 2013

Inveja - o que não queremos na União Europeia

No jornal Público de ontem foi publicado um texto (Carta aberta ao ministro das Finanças alemão) da autoria do Dr. José da Silva Peneda, Presidente do Conselho Económico e Social, em que este reage a declarações recentes daquele ministro, o qual afirmou haver países da União Europeia que têm inveja da Alemanha.

A arrogância contida naquela curta e ofensiva frase é a de quem assumiu um poder quase absoluto sobre os destinos da União Europeia e fez tábua rasa do projecto político da integração europeia. Projecto este que, recorda Silva Peneda, teve em conta a grande diversidade de interesses, as diferentes culturas e tradições e os diferentes olhares sobre o mundo.

Como é possível que se tenha deixado propagar a ideia de que todos temos que procurar ser “pequenas Alemanhas” e ignorar o que tal significa nos diversos planos da vida em sociedade?

Como não vêr o impacto perverso para a economia europeia das políticas de austeridade impostas, ao mesmo tempo que não se tomam as medidas necessárias para uma reforma séria da União Europeia, em particular da Zona Euro?

Como aceitar como meros danos colaterais os níveis socialmente catastróficos do desemprego e os riscos de uma explosão social?

Nem os sinais de alarme - como o de Chipre - parecem suficientemente convincentes para suscitar reformas profundas do sistema financeiro, cujo funcionamento desregulado, muito mais do que maus comportamentos na gestão orçamental, está na origem da actual crise!

O respeito pelos direitos dos cidadãos e a defesa do bem estar e da coesão social são deveres indeclináveis dos governos e de todas as demais instituições democráticas. Deles se exige uma atitude corajosa que ponha termo às políticas de submissão ao mercado desregulado e aos interesses de um grupo restrito e que, em vez delas, potencie ao máximo os benefícios da cooperação.

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