27 março 2012

Agências de Rating
- A Denúncia Vem de Quem Sabe


Com data de 7 Abril 2011, um grupo de cidadãos entregou na Procuradoria-Geral da República um pedido de inquérito a algumas agências de rating por indícios de manipulação de mercado e conflito de interesses, com repercussões graves para o custo da dívida soberana portuguesa. Esta iniciativa deu lugar a uma petição pública que mereceu ampla adesão e não deve ser esquecida.

Decorrido um ano, são hoje mais numerosas as vozes que se juntam para denunciar o abuso de poder destas entidades, que, de há muito, deixaram de ser  meras consultoras que prestam serviços aos seus clientes; são elas mesmas empresas que, directa ou indirectamente, operam nos mercados financeiros no interesse dos seus próprios accionistas, beneficiando de informação privilegiada e, não raro, em conflito com os interesses dos seus clientes.

Acresce que se vem gerando, no mundo financeiro, uma cultura de total insensibilidade a valores éticos fundamentais com repercussão nas atitudes e comportamentos dos seus respectivos profissionais e no trabalho que realizam. Uma tal denúncia vem de alguém que, depois de 12 anos ao serviço de uma dessas instituições financeiras, explica as razões por que, em sua consciência, toma a iniciativa de deixar a empresa.

Vale a pena ler o artigo assinado por Greg Smith com data de 14 Março último.

Dele transcrevo os dois parágrafos iniciais.

TODAY is my last day at Goldman Sachs. After almost 12 years at the firm — first as a summer intern while at Stanford, then in New York for 10 years, and now in London — I believe I have worked here long enough to understand the trajectory of its culture, its people and its identity. And I can honestly say that the environment now is as toxic and destructive as I have ever seen it.

To put the problem in the simplest terms, the interests of the client continue to be sidelined in the way the firm operates and thinks about making money. Goldman Sachs is one of the world’s largest and most important investment banks and it is too integral to global finance to continue to act this way. The firm has veered so far from the place I joined right out of college that I can no longer in good conscience say that I identify with what it stands for.

2 comentários:

  1. Cara Manuela Silva,
    Não sou economista mas sou um cidadão atento e preocupado. Leio o vosso blog com regularidade para compreender a actualidade económica que é manipulada e distorcida pelos media institucionais.
    Pela leitura deste post fica-se com a ideia de que a Goldman Sachs é uma agência de rating quando se trata de facto de um banco de investimento. Estou correcto?
    Aproveito para sugerir dois artigos com revelações sobre as manipulações fraudulentas levadas a cabo pelas instituições financeiras que arruinam governos e cidadãos:
    http://truth-out.org/news/item/8016-wall-street-confidence-trick-the-interest-rate-swaps-that-are-bankrupting-local-governments
    http://thetruthisnow.com/headlines/the-crazy-things-that-one-whistleblower-says-are-happening-at-jp-morgan-will-blow-your-mind/
    Talvez possa usá-los para tema de um próximo post.
    Saudações cordiais,
    Álvaro Fonseca

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  2. Tem toda a razão no seu comentário. É como diz: a Goldman Sachs é um banco de investimento e não uma agência de rating. Assim e para evitar confusão,o terceiro parágrafo do meu post merece outra redacção. Vou editá-lo com esta alteração.
    Acresce que se vem gerando, no mundo financeiro, uma cultura de total insensibilidade a valores éticos fundamentais com repercussão nas atitudes e comportamentos dos seus respectivos profissionais e no trabalho que realizam. Uma tal denúncia vem de alguém que, depois de 12 anos ao serviço de uma dessas instituições financeiras, explica as razões por que, em sua consciência, toma a iniciativa de deixar a empresa.
    Aproveito a agradecer as suas sugestões de leitura e espero que continue a enriquecer o "Areia dos Dias " com as suas visitas e comentários.

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