09 janeiro 2016

A Europa dos cidadãos



Decorridos trinta anos da assinatura, no Verão de 2015, do Tratado de Adesão de Portugal à União Europeia, foi agora recordado aquele acontecimento em discursos comemorativos, proferidos por diversas entidades oficiais.

O que pensam hoje os cidadãos  sobre o impacto dessa  Adesão?

Será que se identificam como cidadãos europeus?

A julgar pelos resultados do Eurobarómetro de Agosto de 2015, a crescente desilusão das pessoas com a União Europeia é um facto indesmentível.

Com efeito, aumenta a proporção de europeus com opinião negativa sobre a U.E. sendo certo que a imagem, que era predominantemente positiva, é agora predominantemente neutral.

É também hoje maior o  pessimismo dos cidadãos sobre o futuro da U.E., o que está  relacionado com as questões económicas  bem como  com aspectos da actualidade política, como o terrorismo e a crise dos refugiados .

À pergunta do Eurobarómetro sobre quais as duas questões que os portugueses consideram mais importantes, a resposta citada com maior frequência (62%)  referiu  o desemprego, logo seguido pela situação económica (35%), o que é significativo de como nos situamos na U.E., onde aquelas percentagens são, respectivamente, 36% e 19%.

Acresce que a maioria dos portugueses (58%), pensa  que a sua opinião não conta na U.E., o que de resto não é uma excepção, pois 54% na U.E. pensam do mesmo modo.

Este é um dos aspectos mais importantes num futuro europeu que será marcado pela incerteza, tão complexos são os problemas actuais e tão discordantes as opiniões sobre a forma de os resolver.

Se nada for feito para corrigir a evidente falta de democracia da U.E., de tal forma que aos cidadãos seja dada a possibilidade de fazerem ouvir a sua voz, envolvendo-os na preparação das decisões que mais directamente  afectam o seu futuro, a ideia de  cidadania europeia  fica vazia de significado.

Em qualquer caso, quaisquer que venham a ser novos arranjos  institucionais na U.E., cabe aos nossos representantes nas diferentes instituições europeias, mostrar determinação na defesa das politicas nacionais tendentes à reversão da actual situação socio-económica, a qual é, em grande parte, resultado de uma atitude subserviente face às imposições da troika.

Pretender, como referiu o primeiro-ministro, passar da Europa das chancelarias à  Europa dos cidadãos não é um propósito ligeiro, antes implica um grau muito elevado de exigência: o futuro dirá se, passo a passo, dele nos daremos conta.

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