04 junho 2015

Dinheiro, amor e virtude

Dinheiro, amor e virtude não são, certamente, palavras que mantenham entre si uma relação evidente. Menos ainda quando se aplicam à economia e ao sistema financeiro. E só nos resta, mesmo, uma atitude de grande curiosidade e surpresa quando o título da obra explicita: Um banqueiro reflecte sobre Dinheiro, Amor e Virtude. Estou a referir-me ao livro recentemente editado pela Triarchy Press, com o título original: A Banker Reflects on Money, Love, and Virtue.

A autora, Maria José Pereira, acumula a sua formação académica com a experiência de ter assumido responsabilidades profissionais de alto nível no sector da banca e da gestão de fundos de investimento privado, em Nova Iorque, Paris e Hong Kong.

A sua competência académica abriu-lhe as portas do conhecimento para ir ao encontro dos grandes autores do pensamento económico e carrear, para a sua reflexão pessoal, uma leitura actualizada e crítica dos mesmos, o que muito contribui para desfazer preconceitos e más formações de algumas teorias económicas que, no presente, influenciam as políticas públicas, bem como permeiam as decisões a nível micro económico, com as consequências gravosas que todos conhecemos e que, visivelmente, comprometem objectivos de felicidade individual, qualidade de vida, sustentabilidade ambiental, coesão social, democracia e, em última instância, a prossecução da paz.

A interrogação primordial da Autora é, precisamente, como entrelaçar as três realidades explicitadas no título: o dinheiro de que carecemos para manter a economia, o amor e a virtude que respondem às necessidades emocionais do ser humano e às suas indeclináveis aspirações espirituais. Em sua opinião, há que cerzir a ruptura criada por uma pseudo racionalidade económica, indevidamente alicerçada em falsos pressupostos e integrar aquelas três dimensões num pensamento abrangente das múltiplas componentes que integram o ser humano e se reflectem na sua vida individual e colectiva. Nas suas próprias palavras: uma vez reconciliados, dinheiro, amor e virtude conduzem a uma vida bem vivida, uma vida feliz, e permitem um mundo com que muitos apenas sonham.

Acredito que a leitura deste livro contribuirá para aprendermos a aproximar a realidade ao sonho, com utopia e sem utopismo.

Neste apontamento não quero omitir a minha satisfação pessoal pela publicação desta obra  e pelo facto da sua Autora ser membro do grupo Economia e Sociedade e co-autora deste blogue.

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