Foram ontem divulgados os resultados globais de um Estudo de Opinião efectuado pela Eurosondagem para o Instituto Europeu da Faculdade de Direito de Lisboa, abrangendo a população do Continente com 18 anos ou mais.
As respostas às 5 perguntas retratam uma opinião muito negativa - mas realista - acerca da política de austeridade que tem sido posta em prática em Portugal.
Com efeito, quase dois terços dos inquiridos entendem que a austeridade vai afundar o país económica e socialmente, só uma minoria (28,4%) admite que ela conduz ao equilíbrio das contas e à recuperação económica, e apenas 14,3% estão de acordo com essa opção politica.
É também significativo que muitos (42,5%) admitam a sua inevitabilidade, sendo esta a ideia que, sem descanso, os governantes têm difundido.
E, entre os inquiridos, são sobretudo os jovens que se destacam entre os que têm dúvidas, não sabem, não respondem...
A forma como as pessoas vêm o futuro é agravada pela convicção, expressa por quase dois terços, de que a austeridade vai continuar para além da troika e de que não há propostas credíveis para lhe pôr termo. O fim ou o abrandamento da austeridade depende do governo português, segundo a maioria das opiniões expressas, mas quase outro tanto aposta no conjunto “Alemanha, troika, evoluções exteriores”.
O retrato que nos é deixado por este Estudo é extremamente preocupante, confirmando que há plena consciência de que as políticas de austeridade não servem o futuro do país, qualquer que seja a desagregação regional dos dados.
Se nada se fizer para as mudar, podemos estar à beira de uma perigosa desintegração social, talvez sem retorno.
Há que fazer incidir o esforço de esclarecimento e debate nos 42,5% que só vêem a inevitabilidade. E aproveitar agora para insistir no que Portugal pode e deve fazer nas instâncias europeias, desmistificando também estas e os seus aliados internos, os quais, de certo modo, são traidores dos interesses do povo português.
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