20 abril 2012

A Economia e as Cooperativas

O Movimento Cooperativo em Portugal está presente nas mais variadas áreas de actividade, desde cooperativas de consumo até a cooperativas agrícolas e vitivinícolas, passando pelas de habitação, ensino e formação, crédito, produção industrial, artesanato, pescas, transportes, actividades culturais, serviços de apoio social e de saúde. No quotidiano dos portugueses, porém, o que mais se sente ou é visível é a influência da agricultura cooperativa da produção de leite e de vinho.
É certo que uma verdadeira cooperativa se diferencia de uma empresa convencional pelo facto de dedicar o seu lucro, de forma solidária, ao desenvolvimento, mas a um desenvolvimento harmonioso que tenha em conta a sustentabilidade social, incluindo os interesses dos seus associados e da população em geral, contribuindo para o combate à pobreza e ao desemprego, e, numa perspectiva mais ampla, tentando responder aos desafios da sustentabilidade do planeta.
A doutrina e a prática do cooperativismo constituem um despertador de esperança, na medida em que são um apostar não na acumulação do capital, mas sim no trabalho como factor multiplicador ao serviço das pessoas e do seu desenvolvimento de forma equilibrada e sustentada. As cooperativas, porém, não substituindo os sectores da economia privada e economia pública, são outro sector da economia, complementar daqueles. Não obstante, as cooperativas são um parente pobre da política económica.
As cooperativas devem promover a qualidade dos seus recursos humanos, democratizando a sua gestão, não só através de uma participação democrática dos seus trabalhadores, como também fazendo com que no seu funcionamento a lógica orientadora seja a da dignificação e qualidade do trabalho, tal como é defendida na OIT. E isso é coerente com os seguintes princípios em torno dos quais se organizam:
- o associado é-o pela vontade de ser directamente actor e participante do colectivo;
 - partilha democrática do poder (uma pessoa um voto);
 - contribuição nas ideias, força do trabalho, meios financeiros e materiais;
 - solidariedade dentro do grupo e irradiação também para o exterior.;
 - o fim prosseguido não é directamente o lucro nem a acumulação individual e, portanto,  deve-se procurar redistribuir os excedentes  em contributos para o bem comum, praticando preços mais baixos e justos, e investir na própria cooperativa;
 - formar e informar os assalariados, dirigentes e os associados dos meios colectivos à sua disposição, e envolver a sua acção de proximidade  na comunidade em que se insere.
As cooperativas devem marcar a sua diferença, através de uma justa posição dos dois vocábulos “Economia” e “Social”. Não quer dizer que são empresas para intervirem no quadro mercantil numa perspectiva do social só por si, mas sim, que possuem um projecto humano responsável pela sustentabilidade da economia no combate à pobreza, na protecção da natureza e na busca do bem estar de todos.
 O seu contributo deve exprimir uma cultura, baseada na criatividade, no serviço, no voluntariado, na promoção do desenvolvimento, na solidariedade, na equidade, na autonomia.
Texto elaborado por João Lourenço, no âmbito  do  Grupo Economia e Sociedade

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