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| Wally et Hermès - Um iate ecológico de luxo [ ver + ] |
" ... ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazei caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, essas horas contadas de uma vida toda material, massuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente daquela que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai : reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai - No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana ? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico ? [ ... ] cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis. "
Almeida Garrett, in " Viagens na Minha Terra ", ( 1843 )
[Mensagem editada em 25.09.2011 - foi adicionada a legenda da imagem]
[Mensagem editada em 25.09.2011 - foi adicionada a legenda da imagem]
Almeida Garrett sempre actual.
ResponderEliminarParece que os tempos não mudaram nem os homens aprenderam a ser justos e bons.
Aquilo que se aprende é a ser astuto e construir caminhos de sofrimento...
Vou seguir o vosso espaço.
Nada como a prosa poética para inspirar!
ResponderEliminarO iate representado na fotografia é um iate "verde."
As exigências ambientais são enormes.
Portanto os governos, em vez de lançar um novo "Marshall Plan" para reconfigurar o nosso mundo através de investimentos infra estruturais para promover um futuro benéfico, injectam liquidez que não beneficiam a sociedade nem criam novos postos de trabalho, mas que contribuem portanto para o aumento da bolha de dívida.
Portanto os ricos apropriam-se tudo que seja "verde" para um novo padrão chic!
Enviado por:
Maria José Melo Antunes
Ás vezes um bom texto literário consegue dizer mais do que muitas teorias económicas juntas! Parabéns pela escolha. "Reduzir tudo a cifras" como foi feito há mais de 20 anos atrás por aqueles que ainda hoje se intitulam de brilhantes economistas conduziu-nos ao ponto onde estamos nestes tristes dias. Mas poucos se lembram! Oxalá as palavras sábias de Almeida Garrett encontrem eco nesta classe política tão amorfa .... e a façam reflectir.
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