05 abril 2020

A propósito ainda do COVID-19


São muitos os textos, declarações, manifestos e apelos que têm surgido a propósito da pandemia do COVID-19.

As Academias Pontifícias de Ciências e de Ciências Sociais divulgaram também uma Declaração (http://www.pas.va/content/accademia/en/events/2020/coronavirus.html), que pretende chamar a atenção para a necessidade de acção, com base nas lições a curto e longo prazo, e dos futuros ajustamentos das prioridades, ao longo de cinco pontos: 

  •  Reforçar a acção e as respostas precoces

Estes esforços terão que ser realizados por todos: governos, instituições, investigadores e sociedade civil, de forma coordenada e transparente.


  • Alargar o apoio da ciência e das acções das comunidades científicas


Trata-se da única forma de detectar, responder e prevenir ou mitigar as catástrofes ligadas às pandemias. Não deve ser esquecida a necessidade de conhecer melhor os fundamentos psicológicos do comportamento humano nas situações de stress colectivo, de modo a decidir sobre a governança estratégica adequada à resolução da crise.


  • Proteger os pobres e os mais vulneráveis


Embora a COVID-19 constitua uma ameaça comum a todos, há grupos mais expostos. É o caso: dos trabalhadores da saúde, onde as mulheres constituem a maioria e se arriscam a sofrer das mesmas discriminações presentes noutras áreas do trabalho; dos grupos mais vulneráveis; dos refugiados e migrantes; e dos portadores de outras doenças. Daí a importância das políticas públicas de saúde.


  •  Configurar as interdependências e a ajuda entre e dentro das nações

A tendência para a procura de protecção acrescida através do isolacionismo nacional mostrou-se contraproducente. Pelo contrário, é necessária uma maior cooperação global, o que pressupõe organizações internacionais devidamente equipadas e apoiadas para o efeito. Embora seja necessário, por vezes, fechar fronteiras, para lutar contra o contágio, elas não podem constituir barreiras ou impedirem o auxílio entre nações. Os problemas ligados às pandemias ou às alterações climáticas exigem respostas solidárias globais. Depois de controlado o CIVID-19 não se pode voltar ao “business as usual”. É necessário levar a efeito uma revisão das perspectivas mundiais, estilos de vida e valorações  económicas de curto prazo, de modo a lidar com as alterações em presença. Em síntese, precisamos de uma sociedade mais responsável, mais igualitária, mais cuidadora e justa se quisermos sobreviver. A actual crise deveria encorajar os esforços para encontrar um novo – no sentido de diferente – modelo de globalização, desenhado para uma protecção inclusiva de todos.


  • Reforçar a solidariedade e a compaixão

Para além da agenda científica, técnica e de saúde, não podemos esquecer a coesão social. As Igrejas, bem como as comunidades de todas as fés, são chamadas à acção. O paradoxo actual é o de que a solidariedade é realizada através do isolamento, por razões de saúde. O paradoxo é apenas aparente porque o acto de ficar em casa é um acto de profunda solidariedade. A pandemia ensina-nos que sem solidariedade, a liberdade e a igualdade são palavras vazias (Papa Francisco).




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