04 janeiro 2019

Contra o aquecimento global: questões para gerir a transição

As acções contra o aquecimento global do clima, a diminuição da biodiversidade, a rarefacção de muitas matérias-primas e as múltiplas poluições são questões que têm vindo a conquistar uma importância crescente. São muitas as chamadas de atenção, constantes de vários relatórios internacionais, que alertam para a degradação ecológica e a dificuldade em reverter as tendências em presença. 

Mais recentemente, o relatório elaborado pelo Grupo de Peritos Intergovernamentais sobre a evolução do clima, publicado em 8 de Outubro de 2018, fez uma avaliação das consequências de um aquecimento planetário superior a 1,5ºC, relativamente aos níveis pré-industriais (aqui). De acordo com o Grupo, os compromissos actuais, adoptados no quadro do Acordo de Paris, não serão suficientes para limitar o aquecimento a 1,5ºC, o que teria efeitos muito negativos. Daí o apelo para se levarem a cabo esforços suplementares para reduzir as emissões do gás de estufa e para gerir a transição.
 
Para tanto, é fundamental reflectir sobre o financiamento dos enormes investimentos necessários para conseguir levar a bom porto a transição. Segundo organizações internacionais, as estimativas para o financiamento da transição, a nível mundial, oscilam entre 2% a 5% do produto bruto mundial, num período que se estenderá provavelmente por vários decénios, o que constitui um enorme desafio.
 
De acordo com o site dos “Economistes aterrés” (aqui), “a incapacidade ou as hesitações para realizar a transição deve-se numa boa parte à resistência – se não à negação - em ver na degradação geral um efeito directo do capitalismo, esta “imensa acumulação de mercadorias” sem outra bússola se não a corrida ao lucro e, portanto, um efeito do produtivismo que lhe é inerente”.
 
Advogam os “Economistes aterrés” que é indispensável mostrar que a transformação do sistema produtivo e dos modelos de consumo devem constituir o quadro no qual se inscreve a transição ecológica, ao serviço do “crescimento verde”. Colocam ainda as seguintes questões para reflexão:
 
· Qual o “preço social e ecológico” atribuído às actividades de transição para favorecer o seu desenvolvimento?
 
· Como colocar a política monetária ao serviço da transição?
 
A questão central é, então, a de passar de um discurso mais ou menos vago para um verdadeiro programa de acção, que se traduza em compromissos políticos. Para isso, o debate é incontornável e deve ser alargado a todos os actores em presença.

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