26 maio 2018

Instituições académicas : o renascer da esperança

Cabe às universidades, por vocação e missão, o importante papel de produzir e difundir os fundamentos e os progressos de e nas respectivas áreas de conhecimento. Progressos que só são possíveis com um trabalho de questionamento, investigação, reflexão e um espírito de abertura a novas ideias, à crítica, ao debate e experimentação e ainda aos eventuais contributos de outros ramos do conhecimento. E à sua difusão deve presidir o estímulo à capacidade de pensar de cada aluno

Como sabemos, com a ascensão do neoliberalismo na década de 80 do século passado, as faculdades de Economia passaram a dar primazia a esta corrente, num primeiro tempo relegando para segundo plano todas as diferentes abordagens da realidade económica e depois abolindo-as praticamente, ignorando assim as restantes correntes do pensamento económico. Ao confronto e ponderação das diferentes perspectivas sucedeu o monopólio das ideias. E, como também sabemos, de ideias que não conseguiram prever a crise ou dar-lhe solução, sendo hoje evidente e manifesta a sua total incapacidade de responder aos problemas com que nos vimos a defrontar há já algumas décadas (desigualdades extremas, insustentabilidade de recursos, crescimento material infinito num mundo finito, entre outros).

Não obstante as dificuldades conhecidas em alterar este estado de coisas, é justo referir que, desde logo, algumas iniciativas neste sentido foram surgindo ao longo dos anos.

De entre tais iniciativas, permitimo-nos destacar, pela sua projecção, dinamismo e actualidade, em primeiro lugar a do Institute for New Economic Thinking. Trata-se de uma instituição académica fundada em 2009 que tem como lema “A economia deve servir a humanidade” e que apoia trabalhos relevantes e pioneiros em áreas como o relacionamento entre a finança e a restante economia, a desigualdade e a distribuição, a economia da inovação e o ambiente e sustentabilidade de recursos. Para a prossecução destes objectivos recorre a um vasto número de investigadores de renome e a parcerias com universidades e instituições líderes, para além de fornecer ferramentas educativas interactivas a audiências em todo o mundo.

Em segundo lugar, a de uma rede de mais de 70 académicos em início de carreira espalhados pelo Reino Unido, criada em 2015, e que tem como objectivo explícito apoiar e contribuir para a mudança dos curricula de economia tendo por base uma abordagem pluralista (em sintonia com a campanha de estudantes intitulada “Rethinking Economics”), objectivo presentemente já conseguido em mais de 30 universidades e em diversos graus académicos.

Por último e, do nosso ponto de vista, não menos significativo, o facto de, a 12 de Dezembro último, um conjunto de conceituados académicos ter afixado nas portas de acesso da London School of Economics um Manifesto sugestivamente intitulado “33 teses para uma reforma da Economia”, que segundo os autores constitui um desafio ao doentio monopólio intelectual da corrente de pensamento económico dominante e é, para além de um convite ao debate, uma afirmação de que uma melhor economia é possível !

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