14 agosto 2015

Financiamento para o Desenvolvimento: que futuro?

Vale apena ler o artigo de Joseph Stiglitz intitulado Como os bancos se tornaram uma ameaça.
 
O seu Autor foi membro de uma comissão internacional independente criada para propor a reforma do sistema tributário actual e pronunciou na III Conferência Internacional sobre o Financiamento para o Desenvolvimento, recentemente realizada em Adis Abeba, uma declaração inequívoca: o sistema atual está quebrado, e pequenos ajustes não o consertarão.
 
Do referido artigo destaco as afirmações seguintes:
 
A conferência aconteceu num momento em que os países em desenvolvimento e os mercados emergentes demonstraram capacidade para absorver produtivamente enormes volumes de recursos. As tarefas que esses países estão assumindo – investindo em infra-estrutura (estradas, geração de energia, portos e muito mais), construindo cidades onde um dia viverão bilhões de pessoas e movendo-se em direção a uma economia verde – são verdadeiramente enormes.
 
Ao mesmo tempo, falta no mundo dinheiro que possa ser utilizado produtivamente. Poucos anos atrás Ben Bernanke, então presidente do Federal Reserve (Banco Central) dos EUA, falou sobre o excesso de poupança global. Apesar disso, projetos de investimento com elevado retorno social estavam parados por falta de fundos. Isso continua sendo verdade hoje. O problema, à época e agora, é que os mercados financeiros do mundo — cuja função deveria ser intermediar eficientemente recursos de poupança e oportunidades de investimento — fazem, ao invés disso, má alocação dos recursos e geram riscos.
 
Há outra ironia. A maioria dos projetos de investimento de que o mundo emergente necessita é de longo prazo, assim como a maioria dos recursos disponíveis – trilhões em contas de aposentadoria, fundos de pensão e enormes fundos soberanos. Mas os nossos mercados financeiros, cada vez mais incapazes de enxergar o longo prazo, atravancam o caminho entre as duas partes.
 
Para obviar a esta situação, Stiglitz e a Comissão Internacional que integrou, defendem um novo sistema tributário que, a nível mundial, permita aos países emergentes arrecadarem receitas tributárias com base na actividade desenvolvida pelas multinacionais nos seus países, mas a proposta depara com a oposição dos Governos das economias mais fortes e com as organizações internacionais por eles dominadas. É este o grande desafio para assegurar o necessário financiamneto do desenvolvimento.
 
O Autor conclui afirmando:
 
Novas realidades geopolíticas demandam novas formas de governo global, com mais voz para os países emergentes e em desenvolvimento. Os EUA prevaleceram em Adis Abeba, mas também mostraram que estão no lado errado da história.
 
O artigo na íntegra pode encontrar-se aqui.

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