Estão aí as
férias e é uma boa ideia que bons e maus alunos, jovens ou já adultos, ocupem as suas mentes com
exercícios de descompressão, diversões, aventuras, descanso, etc. Os que foram menos bons
alunos são aconselhados a entremearem este ritmo com algum trabalho em matérias em que
possam ter tido menor aproveitamento escolar. São bem conhecidas as
dificuldades que alguns alunos têm revelado na aprendizagem da matemática; a
sua componente de álgebra ocupa nessa aprendizagem um lugar destacado.
Neste
trabalho de recuperação é aconselhado que os alunos o iniciem de forma
lenta e progressiva. As contas de somar e de subtrair são um bom princípio para se
iniciar a aprendizagem de recuperação, em álgebra. Pode-se começar por contas de subtração.
Por ex., retirando uma unidade à sucessão de números: 1, 2, 3, …, 20.
1-1=0
2-1=1
3-1=2
. . .
17-1=16
18-1=17
19-1=18
20-1=19
Os alunos
podem, seguidamente, ser aconselhados a fazer corresponder factos da vida real
aos resultados obtidos: ter doze meninos e retirar um para obter uma equipe de
futebol; ter dezassete laranjas e saber quantas calham a cada menino, quando
uma está podre e os meninos são em número de quatro, etc.
Quando foi
preciso dar um exemplo para a conta dos 19, chegou-se à frente um grupo de
adultos de onde um, que se considerava mais espertinho, de sorriso largo, querendo
mostrar grande sabedoria, disse: eu sei, eu sei. Todos ficaram espantados com
tanta iniciativa e houve alguém que, imediatamente, disse: diz lá, diz lá!
E o
espertinho acrescentou: então não estão a ver que na “zona
do Euro são 19 países, eu espero que a Grécia não saia, mas se sair ficam 18
países". Está bem, disseram os outros, acrescentando: e depois?
Depois,
acrescentou o espertinho, tudo se irá arranjar, a zona euro “irá sobreviver com
a mesma força que teve no passado”. Aqui gerou-se grande discussão entre os
amigos. Começou um por dizer, então a Grécia sai e tu achas que fica tudo como
dantes, só mudando o número de 19 para 18?
Gerou-se
uma grande discussão e embora eu não tivesse ouvido toda a conversa, sempre
retive questões como as seguintes:
- A Grécia está
numa união monetária que para funcionar exige a aceitação de regras. Por ex.,
quando um país entra num processo de deficit
excessivo, deve tomar medidas (pelo lado da oferta e pelo lado da procura)
de modo que esses deficits excessivos tendam a reduzir-se, não é assim?
- Responde um
outro, está bem, mas estás a esquecer-te de que as mesmas regras dizem que se há
países com deficit, há outros com superavit e que devem em consequência
adotar medidas de política de sentido contrário.
- Volta o primeiro
e diz, nem faltava mais nada, então os do deficit
gastaram à tripa-forra e agora os que andaram a amealhar é que pagam a despesa?
- Estás
completamente enganado, porque a tua tripa também ganhou com o deficit dos outros; além do mais esse é o custo de se fazer parte de uma união em que não somos todos iguais.
- Vem outro e diz,
mudemos de conversa; então vocês acham que depois de a Grécia sair isto vai
ficar tudo na mesma? Tem algum sentido criar-se uma união monetária quando,
simultaneamente, não existe uma união económica, um mercado do trabalho
unificado, um mercado de capitais com regras que favoreçam o projeto europeu?
- Já estou a ver
onde queres chegar, tu queres é voltar a meter o Estado nisto tudo, e depois o
contribuinte é que paga.
- Quem te meteu
essas teias de aranha na cabeça? O Estado não está presente porque é Estado,
mas porque há funções que faz, ou devia fazer, melhor que a iniciativa privada, do mesmo modo que há
funções que a iniciativa privada faz, ou devia fazer, melhor que o Estado.
Ahhhhhhhhhhhhhhhhh!
A
conversa continuou e foi bem animada. Deu para, pelo menos, se concluir que não
há vias únicas, i.e., só caminhos para os que vão da esquerda para a direita
mas, também, vias para os que vão em sentido contrário.
Acontece que chegados
aos 19-1, não poderá deixar de se aprender a conta dos 19-2, dos 19-3, etc. E, a seguir, teremos que nos
interrogar sobre se a europa que fica ainda é a mesma europa e se não será tempo de regressar às origens,
ao pensamento inicial, e formatar uma outra Europa.
Cá
por mim não tenho dúvidas. Pode ser que tenha que se vir a fazer a conta de 19-1, e que o resultado seja igual a 18, mas nada ficará como dantes, porque os arquitetos atuais do edifício que se chama Europa estão a querer aumentar o número de andares sem cuidarem dos alicerces que os deverão suportar.
A questão é preocupante, porque as fragilidades têm tendência a atraírem-se mutuamente. À da união monetária junta-se a dos barcos dos refugiados do Mediterrâneo, a mancha sempre crescente do estado islâmico, a instabilidade a leste.
Apetece perguntar: onde estão os Estadistas?
Apetece perguntar: onde estão os Estadistas?
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