Este é um título de um livro da autoria do Prof. Ricardo Paes Mamede que, numa sala
grande, a abarrotar de gente, com muito mais pessoas de pé do que sentadas, foi
ontem lançado, em Lisboa. Trata-se de uma verdadeira pedra no charco da
nossa lamechice, pela forma como desenvolve o tema e pelo rigor como fundamenta
o seu raciocínio.
No tempo que vivemos,
face à gravidade das situações com que nos confrontamos no dia-a-dia das nossas
vidas e da vida dos nossos concidadãos, bem precisávamos deste apoio, à nossa
reflexão e ao desenvolvimento da nossa esperança.
Felizmente
que, nos últimos meses, se têm multiplicado as publicações que, de reforma
rigorosa, abordam a várias das problemáticas sobre as quais nos temos debruçado
no Areia dos Dias. Ainda ontem a Manuel Silva chamou a atenção para um deles,
sobre a pobreza, a repartição dos rendimentos e os seus fundamentos (ver aqui).
Curiosamente,
o livro, que se interroga sobre o que fazer com este país, vai buscar a
justificação para “o que fazer” não apenas às debilidades estruturais da nossa economia e dos
nossos comportamentos mas, também, às perversões que têm caracterizado as
decisões europeias que, mesmo que não existissem outras razões, não poderiam senão
conduzir aos resultados que conhecemos.
A propósito
de um triste episódio protagonizado por um ator importante da vida política
portuguesa, há alguns dias já aqui, sobre a
forma de interrogação, tinham sido deixados alertas sobre as grilhetas que a administração europeia
tem vindo a lançar sobre alguns dos seus países e, indiretamente, sobre o
projeto europeu, como um todo.
A
desesperança não é o traço que mais caracteriza este trabalho de Ricardo Paes
Mamede. Reconhecendo as dificuldades do momento ele afirma que elas não podem
deixar de ser superadas. Daí o subtítulo do livro: “Do pessimismo da razão ao
otimismo da vontade”. As duas partes em que o livro está dividido são um apelo
à recusa da inação: “O que fizeram deste país” e “O que faremos com este país”.
A conclusão,
apesar das dificuldades para que fomos empurrados, não poderia deixar de ter
como pano de fundo o propósito de que “o futuro se encontra nas nossas mãos”. A
mudança de rumo exige lucidez e perseverança, tanto ao nível da análise e das
políticas económicas, como dos pressupostos políticos que as suportam.
De leitura
imprescindível!
Obrigada, Manuel, por esta chamada de atenção para o livro de Paes Mamede que acabo de ler.Fazia falta uma análise serena e muito realista dos caminhos possíveis para o futuro de Portugal.
ResponderEliminarDe facto, a exigência quanto ao futuro governo é enorme e bom seria que o tempo pré- eleitoral fosse aproveitado para um debate corajoso acerca do " triângulo das impossibilidades" referidas pelo Autor.