As previsões que têm vindo a ser
apresentadas para o período pós-programa do ajustamento merecem alguma atenção.
O FMI, no seu mais recente relatório
sobre Portugal, corrige para baixo as projecções macroeconómicas do governo e traça
um cenário desfavorável para os anos futuros, caso não se prossiga com as
“reformas estruturais”. Em suma, defende a continuação das políticas de
austeridade, como meio para se conseguir obter, a prazo, um crescimento
económico mais significativo.
O governo tem vindo (quem diria?),
mais recentemente, a contestar as posições do FMI, traçando um quadro de alívio
da austeridade, em resultado do “sucesso” do programa de ajustamento e dos
efeitos positivos da descida do preço do petróleo, da desvalorização do euro e da
continuação de taxas de juro baixas.
Do lado da União Europeia, esperam-se resultados
favoráveis com a implementação pelo BCE da “Expansão quantitativa”, destinada a
lançar liquidez nas economias europeias e a adopção do plano Juncker, desenhado
para incentivar o investimento, cuja debilidade tem sido apontada como um dos
entraves ao crescimento na Zona Euro.
Afinal, em que ficamos?
Não será que os efeitos esperados para
a economia portuguesa têm apenas a ver com a condução de políticas conjunturais,
com resultados de curto prazo, e que nos continuamos a debater com a ausência
de uma estratégia de médio prazo para o desenvolvimento?
Por outro lado, importa regressar às
razões da situação actual. Ora, estas razões têm sido colocadas, pelo
pensamento dominante, do lado do desequilíbrio das finanças públicas e do
crescimento da dívida. No entanto, são também cada vez mais os que afirmam que
não é a situação das finanças públicas que tem prejudicado o crescimento
económico, mas sim a insuficiência da procura. Acresce que a arquitectura da
Zona Euro tem vindo a agravar, se não a impossibilitar, a
resposta aos problemas com que nos debatemos, ao favorecer as assimetrias,
provocadas pelos desequilíbrios da balança de pagamentos em regime de câmbios
fixos.
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