08 agosto 2011

Pequenos-grandes abalos nos mercados financeiros

Por estes dias, os líderes europeus multiplicam contactos e as instituições financeiras promovem reuniões de alto nível. Tudo porque uma agência de rating decidiu diminuir a classificação dos títulos de dívida dos Estados Unidos, por risco de incumprimento e existe o justo receio de que os mercados reajam, agravando, ainda mais, a periclitante situação monetária e financeira em que o Mundo se encontra.

Acho bem que os responsáveis se preocupem seriamente com o que está a suceder no sistema financeiro globalizado, e manifestamente desgovernado, e penso que tardam decisões políticas que travem este “modelo de economia de casino” para onde estamos a ser conduzidos pelo poder crescente (e nada democrático, diga-se!) dos mercados financeiros. Mas de pouco valerão as soluções de tipo paleativo e os correctivos de curto prazo, se não se encarar a necessidade de uma reforma profunda de todo o sistema financeiro (e monetário) que o reposicione na rota de onde nunca deveria ter sido - o de agir como veículo ao serviço de uma economia real dirigida ao desenvolvimento e ao bem-estar das pessoas e dos povos.

A este propósito, recordo as palavras do Papa Bento XVI na encíclica A caridade na Verdade publicada em 2009, quando afirma:
É preciso que as finanças enquanto tais — com estruturas e modalidades de funcionamento necessariamente renovadas depois da sua má utilização que prejudicou a economia real — voltem a ser um instrumento que tenha em vista a melhor produção de riqueza e o desenvolvimento.
… o inteiro sistema financeiro deve ser orientado para dar apoio a um verdadeiro desenvolvimento.
… Os operadores das finanças devem redescobrir o fundamento ético próprio da sua actividade, para não abusarem de instrumentos sofisticados que possam atraiçoar os aforradores.

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