28 maio 2011

A Educação: um Tesouro a Preservar

Não só a classe docente, mas também pais e outros cidadãos mais atentos à importância do conhecimento científico enquanto componente fundamental do ensino curricular e factor de capacitação dos jovens para a sua entrada futura em níveis de formação superior e melhor integração numa economia cada vez mais baseada no conhecimento, todos assistiram estupefactos ao anúncio feito pelos competentes serviços do Ministério da Educação de que a formação de novos docentes para o ensino secundário passaria a ser feita nas Escolas Superiores de Educação (ESEs).

Neste post não estão em causa quaisquer critérios de apreciação da qualidade das ESEs mas tão só o cunho generalista que as caracteriza e que manifestamente não poderá assegurar, como se tem por indispensável, o conhecimento e o rigor científico requeridos para leccionar as diferentes disciplinas que integram os programas do curriculum do ensino secundário.

A vingar a orientação agora dada a conhecer, tal significaria um retrocesso inqualificável na. qualidade do ensino em Portugal e viria a prejudicar gravemente o nível de preparação dos futuros candidatos ao ensino superior.

Em outros contextos, uma solução similar foi ensaiada e rapidamente posta de lado, porque logo se percebeu que não servia. Foi o caso da RFA com a. Pädagogische Hochschule.

É de lamentar que os nossos técnicos de educação, que certamente participam com regularidade em reuniões das múltiplas instâncias do espaço europeu, e não só, nas quais estes problemas são debatidos, pouco parecem aprender com as boas práticas dos parceiros e as suas lições da experiência.

Não se invoquem razões economicistas em defesa da solução agora proposta, pois nada justifica que, por eventuais critérios de redução de despesa, se subestime a importância da qualidade da educação das novas gerações. De há muito se sabe que o gasto em educação não é despesa mas sim investimento.

A sociedade civil não pode passar ao lado desta questão e deixar de se empenhar, por todos os meios, em impedir que se concretize mais este atropelo ao sistema educativo do nosso País.

Vem a propósito lembrar um famoso relatório que convocava a cidadania para uma mobilização em torno da educação como um tesouro a preservar.

1 comentário:

  1. Gostaria de começar por lembrar o documento “Educação – Um Tesouro a Descobrir”- Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o séc. XXI, da qual fez parte Roberto Carneiro, antigo Ministro da Educação, foi publicado em 2010.

    Neste Relatório faz-se referência à necessidade de articular as diferentes etapas da Educação, considera-se a importante levar a bom termo as estratégias das reformas educacionais e apresentam-se Horizontes, Princípios e Orientações

    Face às últimas notícias que nos chegam sobre o futuro da formação de professores, dir-se-ia que este Relatório é um documento desconhecido entre os técnicos e decisores sobre a Educação em Portugal. Ora vejamos:

    O parecer
    que conclui que as Escolas Superiores de Educação podem criar cursos de formação inicial de professores do ensino secundário, assinado pela sub-directora geral da Direcção Geral dos Recursos Humanos em Educação DGRHE, baseia-se nas várias alterações da Lei de Bases do Sistema Educativo e no Decreto-lei 43/2007 que fixa o regime jurídico das qualificações para a docência. Este parecer da DGRHE termina dizendo: "Não existe qualquer impedimento legal para criar cursos superiores de formação inicial de professores do ensino secundário no ensino politécnico, nas suas escolas superiores de educação."

    Assim, a DGRHE torna extensivo ao Ensino Secundário o quadro de referências para a formação de professores que era, até agora, considerado válido para a escolaridade obrigatória em Portugal, a qual termina no final do 3º Ciclo do Ensino Básico. Será porque se prevê a ampliação da escolaridade básica para o nível seguinte até ao 12º ano? Partindo do princípio que esse nível seguinte - o Ensino Secundário, é também o momento de preparação dos jovens para a entrada em cursos do ensino universitário, a quem interessa então esta medida?

    Pretende-se especializar os futuros professores nas diversas áreas científicas (por exemplo: química, biologia, física, matemática, história, geometria descritiva, economia, etc.) que estarão em causa na formação dos alunos do Ensino Secundário que pretendem prosseguir estudos como futuros médicos, químicos, astrónomos, biólogos, etc?...

    Pretende-se formar os futuros professores nas diversas áreas tecnológicas para o Ensino Secundário Profissional e Tecnológico? Como? Quais os Planos de Estudos que se vão desenvolver e porquê? Não se pretende que estas áreas tenham uma forte componente prática? Vão esses futuros professores fazer estágios em empresas?

    Continuamos sem saber o que pensa disto a Direcção Geral do Ensino Superior.

    Não gostaria de pensar que esta seja apenas uma medida destinada a garantir alunos para as instituições de Ensino Superior, mas parece...

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