20 janeiro 2011

Cinzas Portuguesas em Times Square

Times Square, grande praça no centro de Manhattan, é um local emblemático do mundo actual. Quem por lá passa, sente-se (eu diria) no coração do mundo realmente existente, muito perto de Wall Street. Quando percorri a pé, pela primeira vez, a rua 42 e senti a pulsação de Times Square, senti que estava no teto do universo.
E como que encolhi a cabeça para não bater nalgum teto.Há uma praça com o mesmo nome, no centro de Hong Kong, e percebe-se porquê: trata-se de dar a impressão de que o grande capitalismo financeiro também mora ali. O que é verdade, mas só em parte: ao menos por enquanto, o poder económico mundial está sediado na América do Norte e não na China.
Pois foi aí que, segundo a comunicação social, se falou recentemente de Portugal. Por causa dum tenebroso homicídio, que vitimou um conhecido homossexual português, assassinado em circunstâncias ainda mal definidas, pelo seu jovem companheiro também português. Familiares da vítima decidiram espalhar as cinzas do corpo cremado numa estação de metro de Times Square, e ao que parece houve nova-iorquinos que não gostaram da iniciativa. Que, além do mais, não teria recebido as autorizações necessárias por parte das autoridades da cidade.
É surpreendente o destaque que esta trágica e lamentável história mereceu em grande parte da comunicação social portuguesa. Afinal parece que a persistente «Crise» económica, nacional e mundial não é assim tão importante.
E, claro, seria desejável que se falasse de Portugal em Nova Iorque por outras razões. Um país também por vezes carinhosamente referido por leitão (isto é, pequeno «pig»), classificado num grupo a que pertencem também a Irlanda e a Grécia.
Qual é a «moral» desta história amoral?
Deixo ao cuidado do leitor esclarecido a resposta.P or mim, penso que se trata de testemunho dum tempo aparentemente sem origem nem destino, em que alguns desesperadamente procuram encontrar um sentido do humano.
Esses, de facto, dando sentido a tal procura.

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