Tenho assinalado, muitas vezes e em várias circunstâncias, que a universidade devia estar mais próxima da sociedade e dos seus problemas, procurando proporcionar análises rigorosas e cientificamente fundamentadas e, sobretudo, apontando soluções para as disfuncionalidades eventualmente detectadas.
Não devemos, porém, ignorar ou subestimar os bons exemplos em contrário.
Com a publicação do ISCTE “O estado da Nação 2019 – Menos reformas, melhores políticas” constitui um bom exemplo de relacionamento positivo da academia com a sociedade. É também animador saber que não se trata de um projecto isolado, mas existe a intenção de prosseguir com este contributo nos anos futuros
Cabe agora aos cidadãos e cidadãs em geral e, em particular, aos líderes políticos e actores sociais, incluindo a comunicação social, tirar proveito do Relatório apresentado e qualificar as suas respectivas intervenções e tomadas de posição, ultrapassando o habitual recurso a slogans ou preconceitos que em nada contribuem para as desejáveis reformas e as melhores políticas.
O debate parlamentar, em particular, muito ganharia com a melhor qualificação das intervenções dos deputados e maior grau de exigência nos debates parlamentares no que ao conhecimento da realidade e rigor científico se refere.
As primeiras palavras do Relatório coordenado por Ricardo Paes Mamede e Pedro Adão e Silva, dão o tom a todo o texto. Aqui as reproduzo na expectativa de que possam suscitar o gosto por uma leitura na íntegra.
Ouve-se com frequência que Portugal precisa de reformas profundas para fazer face aos seus défices estruturais. Políticas públicas que rompam com o que foi feito no passado, que mudem radicalmente as prioridades e a sua implementação. A asserção chega-nos através das organizações internacionais, mas é também propalada entre nós. É óbvio que existem na sociedade portuguesa problemas persistentes e que parecem de difícil superação. Mas, ao contrário do que é sugerido, o problema das políticas públicas em Portugal prende-se mais com a qualidade dos processos de desenho, implementação, coordenação e avaliação, do que com a ausência de reformas.
O texto na íntegra encontra-se aqui.
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