23 maio 2017

À procura de novas palavras
Para uma Economia Humana

É este o título de um pequeno livro (95 páginas, formato de bolso) de Luigino Bruni, recentemente editado em português.

O Autor é professor catedrático de Economia Política na Universidade LUMSA (Roma) e tem vasta obra publicada no domínio da Ética e sua incidência na Ciência Económica e na Gestão empresarial.

Este livro desenvolve uma reflexão crítica, tomando por base as palavras em uso no pensamento dominante na macroeconomia, na gestão das empresas e na mundividência colectiva, em geral.  

Palavras como “inovação”, “eficiência”, “vencedores e perdedores”, não só estão a comer todas as outras palavras que poderiam exprimir conceitos limítrofes mas distintos como estão também a emigrar da economia para territórios contíguos.

Estas e outras palavras-slogan apresentadas como fins a atingir parecem já nada querer significar, por carência de substância, mas são portadoras de equívocos que, não por acaso, servem os interesses de alguns que querem esconder a realidade, para não ter que a reconhecer e confrontar com a profundidade da vida e dos valores que lhe subjazem.

O Autor adverte que, em tempo de crise antropológica, como é o nosso, difundem-se novas “palavras de ordem” que, acriticamente, sobem ao pódio dos valores e pretendem comandar a própria vida. Veja-se o que vem acontecendo nas escolas e Universidades no que respeita aos critérios de mérito e ao afã dos rankings, por exemplo. Atente-se nas pseudo-virtudes de combatividade e competitividade que germinam em muitas famílias, sob o pretenso argumento da necessidade de preparar os filhos para a vida.

Reconhecendo que é preciso procurar palavras novas para dizer uma realidade nova e edificar uma economia humana, Luigino Bruni revisita palavras antigas (bondade, humildade, empatia, generosidade, inveja, letícia, apatia, …), trá-las à luz do presente e projecta-as na construção do futuro.

Os dois últimos capítulos, Contra o mérito e A dádiva da Terra exemplificam o contributo que o humanismo cristão pode dar na procura de uma nova gramática que nos ajude a atravessar a turbulência do tempo presente e a tornar possível a emergência de um autêntico desenvolvimento integral das pessoas e povos, com sustentabilidade futura.

Boa leitura!

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