04 novembro 2015

Sobre o conceito de ecologia integral na encíclica Laudato Si’

É a primeira vez que um Papa aborda o tema da ecologia no sentido de uma ecologia integral ou seja uma ecologia que não se reduz à dimensão meramente ambiental e física e enriquece o conceito com todas as suas dimensões da vida pessoal e colectiva. Tudo está intimamente relacionado com tudo, diz o Papa Francisco, e por isso para enfrentar os problemas actuais há que adquirir uma visão ampla e compreensiva da realidade que inclua as dimensões humanas, sociais, culturais e políticas, que interferem no equilíbrio de relações entre todos os seres vivos e o seu meio ambiente.
 
Se estamos conscientes desta relação intima com o meio ambiente, damo-nos conta de que a crise ecológica não diz respeito apenas à degradação do ambiente físico, à poluição, à perda de diversidade das espécies, ao aquecimento global (e sobre todas estas temáticas se debruça a encíclica), mas também à economia, à coesão social, e, de modo geral, às condições de vida das pessoas e dos seus territórios. E porque estas interligações ultrapassam as fronteiras geográficas e políticas que hoje conhecemos, o Papa Francisco considera importante lembrar sempre a sua dimensão global.
 
Um conceito de ecologia integral leva-nos a questionar o modo como produzimos (com que tecnologias e com que recursos), como consumimos (o que comemos, por exemplo, e todos os nossos outros gastos), como nos deslocamos, como nos informamos e como nos relacionamos e organizamos a vida em comum e o seu impacto em termos ecológicos.
 
Em particular, cabe questionar o actual modelo de crescimento económico e a cultura do descarte que lhe está associada, à luz de uma ecologia integral.

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