25 abril 2015

As políticas de austeridade estão a resultar?

No passado dia 22 de Abril foi apresentado em Lisboa o terceiro Relatório de Acompanhamento da Crise (Crisis Monitoring Report) da Caritas Europa. O Relatório alerta para o facto de que seis anos após o início da crise, são evidentes as suas marcas nas populações e nas economias da União Europeia, em particular em países como Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Espanha.

 A atenção centra-se no custo humano da crise e nas medidas adoptadas pelas autoridades, incidindo especialmente nas tendências em matéria de emprego, desemprego, taxas de pobreza, privação material severa e baixa intensidade de trabalho nos sete países mais afectados pela crise. A principal conclusão foi que “a atribuição de prioridade a medidas de austeridade com virtual exclusão de todas as outras abordagens não resolverá a crise e está a causar problemas sociais que irão ter impactos duradouros”. “O relatório tem subjacente a convicção de que as autoridades têm sempre opções quando decidem que orientações políticas adoptar e como direccionar as medidas – por outras palavras, quem deve pagar mais”.

O processo actual é economicamente inconsistente e não é equitativo nem justo, tendo-se chegado às seguintes conclusões:

·         “Continua a ser dada prioridade à austeridade mesmo sendo contestada como abordagem económica e apesar da prova de que agravou os problemas económicos e sociais causados pela crise económica.”

·         As prioridades económicas “sobrepuseram-se às prioridades sociais e as instituições da U.E. não conseguem utilizar o potencial que têm para dar prioridade a políticas que visem a redução da pobreza e a inclusão social”.

·         As insuficiências dos sistemas de proteção social dos países periféricos exigem que os líderes europeus não continuem a ignorar este problema.

·         “Ainda está por encontrar uma solução justa para a crise da dívida”, sendo que o “sistema financeiro não deve ser protegido do risco, com o consequente incentivo a um comportamento imprudente”.

·         “Nunca houve tanta supervisão orçamental das acções dos Estados Membros, mas o controlo social fica para trás…”.
Estas conclusões são mais uma chamada de atenção para os efeitos da crise e estão em sintonia com outras posições, designadamente nalguns meios académicos. Porque será que, entre nós, ainda existem tantos que continuam a defender a “bondade” das soluções que estão a ser tomadas e não vêem outra alternativa? 


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