10 dezembro 2012

A União Europeia e o Nobel da Paz

À União Europeia (Parlamento Europeu, Conselho Europeu e Comissão Europeia) foi atribuído o Prémio Nobel da Paz, quando se cumprem cerca de 60 anos de ausência de conflitos armados no seu território.

Sem dúvida a Paz é um bem precioso, mas ao mesmo tempo muito frágil, sobretudo quando ela é ameaçada pela actual situação de quase generalizada e preocupante recessão económica, aumento do desemprego, da pobreza e das desigualdades entre os cidadãos da União.

Não surpreende, desta forma, que uma maioria de cidadãos ( 54%) se manifeste contrária à atribuição do Nobel, contra 42% a favor e 4% declarem não saber. Parece claro que estas posições espelham a convicção maioritária de que devem ser alteradas as politicas comunitárias que têm vindo a ser postas em prática após o desencadear, em 2007, da crise económica e financeira .
Com efeito, como pode ser credível a U.E. :

- Quando os princípios da igualdade e da solidariedade são ignorados ou relegados para segundo plano, enquanto não se questionam as consequências negativas da maior abertura à globalização económica desregulada?

- Quando a U.E. se mostra incapaz de tomar as medidas que se impõem para fazer frente à ditadura dos mercados, evitando que estes se sobreponham, como já sucede, à soberania dos Estados?

- Quando, em vez da partilha democrática do poder politico na U.E., é permitido a uma minoria de países fazer prevalecer os seus interesses sobre os do conjunto?

O voto que hoje queremos fazer é o de que, dentro de alguns anos, se justifique o orgulho de todos nós por pertencermos a um União Europeia - ainda que não lhe seja então atribuido qualquer prémio.

1 comentário:

  1. Na atribuição dos prémios Nobel podemos ver duas coordenadas em simultâneo: o reconhecimento pelo tesouro adquirido e o incentivo a que prossiga o esforço para o manter, aprofundar e desenvolver.
    A atribuiçao do Nobel da paz à UE revela este duplo critério. Não é demais sublinhar o contributo da UE para a sustentabilidade da paz entre os povos da UE e no Mundo. Também é verdade que, nas últimas décadas, a UE foi varrida pelos ventos de um capitalismo desregulado e escudado num pensamento neo-liberal que hoje constituem uma séria ameaça ao desenvolvimento humano, à coesão social e à paz.
    Que a atribuição do prémio sirva para animar o fogo de uma Europa unida, onde triunfem a paz e a justiça.

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