04 dezembro 2012

A Economia de Quadro Preto não Serve


A recente negociação acerca da dívida grega abriu o caminho para que soluções similares fossem disponibilizadas a outros países da zona euro com problemas da mesma natureza, ainda que não da mesma gravidade. Seria uma estratégia sensata e justa.

Mas, em vez disso, o que vemos é uma cacofonia desconcertante, sintoma, mais um, da desorientação que reina entre os decisores políticos, europeus e nacionais, que não querem reconhecer que os seus elegantes modelos económicos não servem.

Falham nos diagnósticos, porque fazem fé em meros dados estatísticos, ignorando a história, a cultura, as percepções dos sujeitos económicos.

Falham nas previsões, porque não têm em conta os imponderáveis da vida, as inter-relações e complexidades do mundo real e a dinâmica dos interesses em presença.

E, o que mais grave é, não alcançam os resultados que se propõem, concorrendo para o aprofundamento das crises que pretendem debelar com as dramáticas consequências económicas, pessoais e sociais que conhecemos.

Felizmente que se erguem cada vez mais vozes autorizadas denunciando a "economia do quadro preto”, como é justamente referido num artigo de Brendam Greeley publicado há dias (29 Novembro) na Bloomberg Business Review referenciando entre outros, dois prémios Nobel da Economia, Ronald Coase e Christopher Sims, ambos questionando uma ciência económica que flutua no ar e que pouca relação tem com o que acontece no mundo real.

1 comentário:

  1. É um facto que já muitos economistas como Brendam Greeley têm denunciado o erro de continuar a defender, contra toda a evidência, modelos teoricos desajustados da realidade.
    Os críticos do mainstream são acusados, por vezes, de se afastarem da verdadeira ciência.
    Ora a ciência económica precisa de ter a humildade de reconhecer e integrar o contributo de outros domínios do conhecimento e de questionar, como é próprio de uma atitude científica, as leis e os pressupostos em que se baseiam.
    O que seria da humanidade se as diferentes disciplinas ( a sociologia, a medicina, …) não procurassem validar permanentemente as suas teses?

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