23 janeiro 2012

Face à Crise há que Ouvir o Clamor das Vítimas

Para além do que as análises estatísticas nos revelam ou das notas de mau desempenho que nos chegam via as agências de rating e outras fontes, há que ouvir com atenção o clamor que se ergue da base da sociedade, isto é, das pessoas que no seu dia a dia sofrem os impactos devastadores das políticas em curso.

Neste blogue, hoje damos a voz a alguns excertos de uma tomada de posição tornada pública pela Equipe nacional da Liga Operária Católica - Movimento dos Trabalhadores Cristãos, ao concluir o seu Encontro do passado dia 21 de Janeiro. 

Não é tolerável que num Estado democrático, promotor da liberdade e da equidade social, os seus governantes deixem crescer vergonhosamente as desigualdades sociais e financeiras. Que se preocupem mais em cortar direitos, salários e apoios sociais e não apresentem medidas para combater a fraude fiscal ou cortar nas despesas desnecessárias. Que fragilizem cada vez mais as condições de trabalho, desvalorizando a dignidade dos homens e mulheres que o executam. Que façam com que milhares de homens e mulheres que trabalharam uma vida inteira recebam hoje reformas tão baixas que fazem deles tão pobres que os obriga a mendigar nas instituições de solidariedade a sua sobrevivência.

Estamos conscientes de que é necessário mudar alguns hábitos de consumo e apostar mais na formação integral de cada cidadão, mas também sentimos que é ainda mais necessária uma mudança de paradigma no modelo de governação e de desenvolvimento para o nosso país. Torna-se premente, neste tempo, uma nova ordem económica mundial de que tantos falam, inclusive a Igreja na pessoa do Papa Bento XVI. Num país e numa Europa com profundas raízes cristãs, com tantos políticos, economistas e empresários a assumir essa condição, deveriam ser mais consideradas as propostas e os desafios que vêm na Doutrina Social da Igreja e nos Evangelhos, onde a qualidade do trabalho e a sua justa remuneração são sinónimos da dignificação de quem o executa e fundamentais para um modelo de desenvolvimento social mais justo e equitativo na partilha das riquezas e mais solidário e fraterno nas relações humanas.

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