11 agosto 2017

Entre o desemprego e a inactividade



A informação estatística divulgada pelo I.N.E. no “ destaque” de 9 de Agosto de 2017 reveste-se da maior importância para todos os que se preocupam com as questões do Emprego em Portugal.

Alguns aspectos da evolução no 2º trimestre merecem ser destacados:

- a quebra na taxa de desemprego, estimada em 8,8 para o 2º trimestre de 2017, menos 2,0 p.p. do que no trimestre homólogo de 2016;
- a redução do número de pessoas desempregadas em relação ao trimestre homólogo, mas que ainda atinge 461,4 mil pessoas;
- o acréscimo trimestral (+102,3 mil pessoas) da população empregada, e, em relação ao trimestre homólogo, o maior aumento desde o 4º trimestre de 2013;
- a redução da taxa de desemprego dos jovens (15-24 anos) mas ainda muito elevada, 22,7%;
- a redução da percentagem dos jovens (15 – 34 anos) não empregados, nem em educação ou formação, mas que representam ainda 10,8%;
- a quebra de 4,9 p.p. na proporção dos desempregados de longa duração, mas ainda 59,2%.

Sem deixar de saudar esta evolução o certo é que é ainda muito prematuro concluir que se está perante uma retoma sustentada do emprego.

De resto, o desemprego não é uma medida exaustiva da quantidade de trabalho sub-utilizada, sendo importante ter em linha de conta o conceito de sub-emprego.

Regista-se, pois, com o maior interesse, o facto de o INE anunciar que passará a divulgar um importante indicador suplementar de desemprego – a sub-utilização do trabalho – bem como a taxa correspondente (taxa de sub-utilização do trabalho). Trata-se de uma forma de reflectir estatisticamente a situação daqueles que, não sendo “inactivos puros”, nem totalmente equiparados a desempregados, têm alguma ligação ao mundo do trabalho.

Os dados estatísticos indicam uma preocupante sub-utilização do trabalho, abrangendo mais de 900.000 pessoas.

Desta forma, mais do que sublinhar o refinamento estatístico, o que importa é que passe a ser dada maior atenção àquele grande conjunto de pessoas, não desempregadas oficialmente, mas que são a face oculta do desemprego, cuja qualidade de vida é sistematicamente prejudicada pela sua não inclusão satisfatória no mundo laboral.

Está em causa a nossa capacidade de renovação da sociedade de trabalho, em que todos possam contribuir para realizar a utopia do pleno emprego.

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