03 setembro 2012

Mudar de Rumo


As estatísticas acerca do desempenho económico, recentemente divulgadas, vêm confirmar o que já era evidente para quantos experimentam na sua vida quotidiana um real e assustador empobrecimento acelerado e em várias dimensões: a redução substancial do rendimento disponível, o acréscimo da despesa pessoal e familiar decorrente da subida dos preços de bens essenciais, o agravamento das taxas devidas por serviços públicos básicos, como a saúde; o encarecimento do custo dos transportes; e, para muitos, o desemprego, a precariedade e a desqualificação profissional.

Os indicadores agora divulgados também não foram surpresa para os críticos da política económica que vem sendo seguida pela Troika e o Governo e algumas foram as vozes que, de há muito tempo, vêm advertindo para os seus funestos resultados em termos de desenvolvimento, progresso económico, equidade e nível de vida da população. Vários foram os alertas de que a estratégia da austeridade compulsiva e os instrumentos utilizados pela política adoptada nem sequer permitiriam atingir os objectivos e metas definidos pelos seus responsáveis, para superar os défices das contas públicas e externas. A Areia dos dias marcou presença crítica neste debate.

E agora que fazer? A resposta só pode ser uma: Mudar de rumo

É tempo de mudar de rumo, dando primazia ao que verdadeiramente importa: a qualidade de vida das pessoas e a sua sustentabilidade no futuro.

Mudar de rumo não passa por um regresso ao crescimento (inchamento) económico, baseado no cimento, nas obras faraónicas, na especulação imobiliária ou financeira, mas sim  por uma política pública de desenvolvimento humano assente no enquadramento e no incentivo a actividades produtivas que incorporem conhecimento, trabalho qualificado, localização apropriada e exigentes requisitos ecológicos.

Mudar de rumo significa dar prioridade à dignidade das pessoas, ao respeito pelos seus direitos e à sua participação responsável aos vários níveis, incluindo na gestão das empresas em que trabalham.

Mudar de rumo pressupõe uma alteração radical de perspectiva que valorize o bem comum; dirija a propriedade privada, nomeadamente o capital, para o investimento produtivo; concilie o tempo e as condições de trabalho com a vida pessoal e familiar do/a trabalhador/a (o contrário, como vem sucedendo, é o regresso a uma nova escravatura!); restaure a confiança aos vários níveis e em especial entre os cidadãos e o Estado; promova a redução das desigualdades e a maior coesão territorial e social.

Mudar de rumo requer, acima de tudo, passar do horizonte do medo, que propicia desmotivação e flacidez, ao horizonte da esperança de que é possível a radicalidade da margem.

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