A 22 de Abril
publiquei, aqui, um post com o título “O erro na folha de Excel tem muito pouca
importância”. Não era esse o ponto de vista dos autores do estudo em que concluíam
que quanto mais elevada é a dívida pública, menor é o crescimento económico e, talvez por
isso, depressa entenderam ir corrigi-lo.
Só que com a
correção, em vez de serenarem os espíritos, juntaram mais achas à fogueira, já
que continuaram a concluir que “há uma forte correlação entre dívida pública
alta e crescimento económico baixo”, daí deduzindo que “quanto mais elevada é a dívida pública, menor é o crescimento
económico”.
Ninguém pôs em
causa as conclusões do estudo empreendido, segundo as quais “há uma forte correlação
entre dívida pública e crescimento económico”. Os mesmos tratamentos
estatísticos permitiriam concluir que “há uma forte correlação entre crescimento
económico e dívida pública”.
Mas, como
sublinhei no meu post anterior, uma
coisa é o reconhecimento de uma correlação e outra é a da determinação de uma
relação de causa e efeito. Para que estas sejam estabelecidas, para além da
análise estatística é precisa uma teoria económica que fixe relações de causa e
efeito e esta não foi apresentada. Portanto, continuamos na mesma quanto ao
estabelecimento de relações entre o crescimento e a dívida pública ou entre a
dívida pública e o crescimento.
Acresce que as
conclusões dos autores foram abundantemente citadas por pessoas com
responsabilidades políticas na atual situação do país pretendendo, assim, justificar
as opções de austeridade que têm vindo a ser tomadas.
Procurando, ao que se crê, reforçar a autoridade dos autores da
folha de Excel, o Sr. Ministro das Finanças entendeu patrocinar, ontem
(15-5-2013), o lançamento de um outro trabalho daqueles autores sobre episódios
de bancarrota num período de mais de oito séculos.
Os resultados são conhecidos!
Convém acrescentar que não foi a presença do Sr. Ministro das
Finanças que permitiu atribuir ao estudo apresentado maior ou menor
credibilidade. Os critérios de credibilidade dos trabalhos científicos são
outros que não a presença física dos Srs. Ministros no seu lançamento.
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