10 novembro 2010

Democratizar a economia do desenvolvimento

Robert Zoellick, Presidente do Banco Mundial, numa conferência proferida na Georgetown University, em 29 Setembro último, faz uma interessante história das teorias do desenvolvimento ao longo das últimas seis décadas, para concluir que, face ao actual contexto económico e financeiro, mas também informacional e político, há que repensar a base científica da economia do desenvolvimento, de molde a incorporar nela o conhecimento empírico acumulado.

Em particular, a ciência do desenvolvimento deve manter uma interrogação permanente: por que alguns países conseguem alcançar um desenvolvimento duradouro, reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes e outros não?

A recente crise obriga a questionar hipóteses do passado e a dar maior importância aos países em desenvolvimento e, bem assim, aconselha a que não se subestimem as consequências das políticas públicas de enfrentamento da crise, tanto para os países desenvolvidos como para os países em desenvolvimento.

As novas ferramentas, tornadas disponíveis graças aos avanços da técnica, nomeadamente no domínio da informação, permitem encontrar novas pistas de desenvolvimento que também terão de ser tidas em conta pela ciência económica.

A economia do desenvolvimento não pode fechar-se numa investigação meramente abstracta e produzida em gabinete, deve antes procurar respostas para os problemas concretos que nascem da própria realidade em mudança e das perplexidades com que se defrontam políticos, empresários, organizações não governamentais, media e a sociedade em geral, nos seus processos históricos de desenvolvimento.

A ciência do desenvolvimento deve democratizar-se.

Agradeço ao Mário Murteira o ter chamado a atenção para este interessante e oportuno artigo de Robert B. Zoellick cuja leitura se recomenda

4 comentários:

  1. O link não está dirigido à Internet. Seria possível repô-lo? Obrigado.

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  2. Agradeço o reparo feito. Já está introduzida a correcção.
    Espero que aprecie a leitura do texto e nos faça chegar os seus comentários que certamente enriquecerão este blogue.

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  3. Gostei que Zoellick reconhecesse sem complexos que a economia pode enganar-se nos modelos explicativos e previsionais que produz ( vê-se que não é economista - se fosse culpava a conjuntura, nunca os modelos…:)).
    Penso que uma das possibilidades de repensar as questões do desenvolvimento poderia passar pelo desinvestimento na persistente tentativa de entender/ dominar/ antecipar o funcionamento de sistemas dinâmicos não lineares à escala global. A meu ver, a economia perspectivada na escala regional e numa óptica de diversificação e de interacção de pequenas escalas, ao arrepio dos processos concentração/especialização que têm predominado, poderia harmonizar-se de forma mais fácil com os imperativos humanos do desenvolvimento. Não faço ideia é como se poderiam articular eventuais efeitos de “decroissance” que daí pudessem advir, com as expectativas instaladas pelo paradigma de desenvolvimento em uso.

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  4. Agradeço o comentário de Manuel Rocha. Concordo com o que diz quando deixa antever que é indispensável criar um novo paradigma de desenvolvimento que acomode devidamente os efeitos de um inevitável (por razões de sustentabilidade ambiental e coesão social, acrescento eu) processo de decrescimento das economias dos países mais ricos.
    Penso que, a este propósito, gostará de ver uma conferência de Tim Jackson. Deixo o endereço: http://www.capitalinstitute.org/Capital-Lab/3me
    Neste blogue voltaremos seguramente a estas questões decisivas para o nosso futuro.

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