04 maio 2011

Recentrar o debate no desenvolvimento

Se há um sentido para o progresso é o de promover a felicidade e a liberdade (em sentido amplo) de cada ser humano, sabendo que ambas são equações complexas, compostas por múltiplas variáveis. Genericamente, essas variáveis são: ter um emprego, alguma independência económica e acesso a bens e serviços; uma habitação condigna, numa envolvente aprazível e segura; gozar de saúde; ter acesso a educação, cultura e oportunidades de realização do talento e das competências; dispor de mobilidade física e social; pertencer a núcleos integradores, como a família, os amigos, ou a comunidade; contar com proteção social em caso de doença, velhice ou desemprego; dispor de liberdade de expressão, associação e voto; usufruir de um ambiente saudável; confiar nos outros, nas instituições e no futuro; viver num contexto de coesão social, ou seja, de baixas desigualdades; ter autoestima e autoconfiança; entre outras.


Esta citação de um artigo de João Meneses tem o mérito de tornar palpável o que está em jogo quando falamos dos objectivos da economia e da política económica e financeira. É por aqueles critérios que devem ser avaliados quer os desenhos das políticas quer o desempenho das economias e dos sistemas financeiros que as deveriam servir.

Nestes dias, em que se discutem as regras de condicionalidade acordadas entre a troika e o governo português para um empréstimo externo de emergência, é bom não ficarmos enredados na mera aritmética dos cortes e dos equilíbrios financeiros e recentrarmos o debate no modelo de desenvolvimento que queremos para o País - uma tarefa do Estado, sem dúvida, mas, cada vez mais, um desafio para uma sociedade civil, criativa e responsável pelo seu presente e pelo seu futuro.

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