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03 junho 2015

A Universidade desde o princípio

Foi este o título escolhido pelo Professor António Branco, Reitor da Universidade do Algarve, para a nota de abertura da Conferência Pensar a Educação. Portugal 2015, realizada no passado dia 21 Maio.

Das palavras então proferidas, retenho estas:

: (…) advogo uma ideia ao mesmo tempo antiga e nova, simultaneamente simples e complexa: a Universidade deveria começar muito mais cedo. O que quero eu dizer com isto? Que desde a mais tenra infância se deveria promover uma Escola que colocasse o aluno na posição de investigador, investigador de si, dos seus semelhantes, do mundo à sua volta, do mundo imaginado. Esse lugar é, do meu ponto de vista, muito mais compatível com o mundo em que vivemos e com os imensos meios de que todos dispomos, a começar pelos alunos, para acedermos a todo o tipo de informação. Porque o que transforma a informação em conhecimento é o processo que envolve o sujeito numa descoberta significativa e profunda que altera drasticamente a sua relação consigo próprio e com o mundo em que vive.
 

Mais do que insistirmos, de forma inglória e teimosa, na velha e gasta ideia educativa da aquisição de conteúdos, deveríamos batalhar por um currículo que apostasse na aprendizagem integrada da atitude científica, porque é nesse procedimento que está o estímulo principal para se ir à procura de «conteúdos» que se desconhece e, mais importante ainda, que permaneçam depois de descobertos. E o que move a investigação é a capacidade humana de fazer perguntas cada vez mais complexas, cada vez mais iluminadas, cada vez mais exigentes. 

Se a «exigência» de que tanto se fala hoje se deslocasse definitivamente do foco da aquisição de conteúdos para o domínio das atitudes perante o conhecimento, também a aula passaria a estar centrada em algo muito mais essencial, porque mais vital.

Deixo o convite para uma leitura na íntegra.

17 setembro 2014

Queremos Ter os Melhores Professores

Fica bem a um Ministro da Educação fazer esta afirmação de princípio. É que, sem bons professores, não é possível assegurar um bom ensino e uma educação de qualidade às novas gerações, sendo que essa é uma das tarefas primordiais do Estado português.
 
Cabe, porém, perguntar se o actual sistema educativo e as recentes políticas de educação, que vêm sendo postas em prática pelos últimos governos, visam, de facto, atingir aquele objectivo nuclear. Ou, se, pelo contrário, constituem obstáculo e, no limite, impedimento à sua concretização.
 
É público e notório que o presente ano lectivo iniciou-se de forma insatisfatória e no meio de protestos de pais e comunidades locais que reclamam que lhes não seja retirado o direito de verem assegurado um ensino de proximidade aos seus filhos de menos idade.
 
Por outro lado, a colocação de professores não foi feita atempadamente: as colocações foram conhecidas na véspera do início das aulas, com total desrespeito pela vida pessoal e familiar dos professores contratados, muitos dos quais obrigados a mudar de residência e a proceder a ajustamentos familiares daí decorrentes. Também os critérios que presidiram às colocações, ao que parece, não respeitaram critérios básicos de justiça e equidade.
 
As crianças com necessidades educativas especiais ainda aguardam a colocação de pessoal técnico especializado nos respectivos agrupamentos.
 
É notória a falta de pessoal auxiliar em muitos estabelecimentos, alguns dos quais, por esse facto, não puderam dar início ao ano lectivo.na devida data.
 
Entretanto, os professores de quadro vêem-se sobrecarregados com cargas horárias stressantes e incompatíveis com um ensino de qualidade (professores com 5 níveis de ensino, por exemplo, com turmas de trinta alunos, incluindo crianças com necessidades educativas especiais), distribuídas por escolas distintas que, por vezes, os obrigam a percorrer alguns kilómetros de distância entre elas,  sujeitos a presença física na escola de 40 horas, mas sem condições para aí realizar o trabalho pessoal de preparação de aulas ou a concepção e avaliação de provas, etc..
 
 Acresce que, no actual modelo de gestão, a atribuição dos horários é prerrogativa das direcções dos agrupamentos que, não raro, usam deste poder de maneira persecutória e prepotente, pondo em causa condições justas de vida pessoal e profissional de alguns docentes.
 
Se, realmente, se deseja ter os melhores professores, então há que tomar, com urgência, medidas concretas de melhoria do sistema educativo. Por exemplo, estas:

•    que se ponha termo aos mega agrupamentos (por dimensão excessiva de alunos e/ou elevadas distâncias entre as escolas agrupadas, o que os torna ingovernáveis, com perda de identidade dos docentes em relação aos mesmos, predominância de relações de anonimato em detrimento de relações pessoais, etc);
•    que se regresse, quanto antes, aos concursos nacionais de professores com regras claras de acesso e de progressão na carreira e possibilidades de ordenação inequívoca de todo o corpo docente nacional;
•    que se proceda ao descongelamento da carreira docente;
•    que se altere o paradigma de gestão autoritária que, actualmente, preside aos agrupamentos e se adopte uma gestão democrática que integre uma relevante participação e responsabilização do corpo docente;
•    que se criem condições de relacionamento e apoio às famílias dos alunos, através de equipes técnicas multidisciplinares de modo a valorizar a educação e o papel dos professores/educadores ;
•    que se promova uma adequada desburocratização da supervisão institucional que, presentemente, se traduz na realização de inúmeras tarefas inúteis e consumidoras de tempo, substituindo plataformas informáticas asfixiantes por uma inspecção geral criteriosa regular.

Por último, importa  lembrar que a missão do professor/a e educador/a é uma tarefa eminentemente pessoal, de relação com os seus alunos e de relação interpares, que exige condições de realização pessoal, actualização de conhecimentos e formação contínua, bem como o reconhecimento do valor desta profissão por parte das famílias, do Estado e da sociedade em geral.