04 julho 2011

Para onde vai a nossa economia?

As medidas recentemente anunciadas pelo Governo de corte nos rendimentos de trabalho (eliminação de metade do subsídio de Natal, enquanto parte integrante da remuneração do trabalho) conjugado com o previsto aumento do IVA (com incidência na redução do poder de compra) vão, inevitavelmente, acelerar o caminho para a recessão económica e, por essa via, não só se traduzirão em agravamento do desemprego e em reduções cegas no nível de vida de indivíduos e famílias, como diminuirão as potenciais receitas do Estado, com consequências dramáticas para as possibilidades de protecção social e a qualidade dos serviços públicos.
Este é o cenário provável, um cenário acriticamente consentido e erroneamente tido por inevitável, por parte da liderança política vigente.

Os efeitos das medidas recessivas são conhecidos e não faltam exemplos na história económica, passada e mais recente, de que não se vencem os desequilíbrios das contas públicas com cortes cegos na despesa e aumentos de impostos, mas antes através de políticas activas de dinamização da economia..

Não obstante esta evidência, as instituições financeiras e as suas guardas avançadas, as agências de rating, continuam a impor aos governos endividados o caminho estreito e sem saída da austeridade, sob a capa de uma moral hipócrita de “honradez” ou de “orgulho nacional” que anestesia os menos prevenidos.

Há que sair desta “armadilha” o mais depressa possível, começando por questionar a própria dívida, a sua natureza, legitimidade (e, em alguns casos, ilegalidade) e sustentabilidade. E partir daí para traçar novos rumos para um desenvolvimento humano que mobilize os recursos endógenos e os aplique em melhorar as condições e a qualidade de vida das pessoas e promover o bem-estar colectivo e a coesão social.

Afinal são estes os verdadeiros objectivos da economia.


2 comentários:

  1. And the potentially perverse results of the current 'policies' rightly outlined above, are only one of the disturbing trends we are witnessing. Another, I suggest, is the apparent absence of even the vaguest of strategies for our future.
    What are we asked to aim for? In the name of what are we asked to sacrifice part of our current wealth and well-being? Even if current 'policies' were to succeed (and the doubts you express here are echoed widely North and South, East and West), reducing the national debt is hardly a vision that will win the support and enthusiasm of the ordinary citizen who is asked to bear the brunt.
    Has anyone noticed the wider implications (i.e. tough questions) that the 'financial' crisis might have for the sustainability of our economic model? It seems not, judging from the attempts to restart the system, in the hope that consumption and GDP growth come back to grace our headlines.
    Where is the vision? Talk of missed opportunity...

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  2. Agradeço a sua mensagem e a ênfase que dá à necessidade de uma clara e bem fundamentada estratégia de futuro que não se limite à recuperação do consumo e do mero crescimento do PNB. Com que objectivos? Com que instrumentos? Estas questões estão a merecer a atenção de professores e investigadores de Economia e outras Ciências Sociais que preparam conferência sobre "Economia portuguesa: uma economia com futuro,a realizar no próximo mês de Setembro.(www.economiacomfuturo.org)

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