14 maio 2011

Portugal tem Futuro

Uma vez acordado o programa de ajustamento proposto pelo FMI e as instâncias europeias, a conversa incide agora sobre a austeridade, cortes, e privação. Ignoramos que a crise pode servir para semear um rebento de remodelação de Portugal. Alguns economistas, empresários ou meros cidadãos com maior visão percebem que o desenvolvimento do futuro tem que considerar não só a economia, mas também o ambiente e a sociedade. A criatividade ajuda a encontrar a solução.

Portugal está bem situado sob muitos aspectos. Em termos ambientais, Portugal é um dos países com a mais elevada taxa de energia renovável, (55%, em 2010) e com projecções de aumento. Vêem-se turbinas eólicas em muitas zonas do País; foram produzidas em Portugal e são também exportadas. O know-how português em energia eólica é procurado por vários países.

O nosso País é abençoado por um sol brilhante. Face aos progressos da inovação na energia solar, Portugal está bem posicionado para a aproveitar. O mesmo se passa com a energia das ondas e a nossa costa extensiva beneficiará com a sua exploração.

Em termos de carros eléctricos, Portugal tem um dos melhores e mais integrados planos para a sua introdução. Nele participam o Estado, os municípios, as empresas de engenharia e tecnologia e operadores do sector da energia. A Nissan escolheu Portugal entre quatro países para lançar o seu modelo Leaf. Também decidiu construir uma fábrica de baterias para carros eléctricos em Cacia, Aveiro. Não esqueçamos que no ambiente é importante considerar o impacto total e implementar uma estratégia integrada para evitar resultados nefastos.

No MIT, Portugal tem a reputação de ser um dos países mais eficientes em termos de energia no mundo! O povo português e o mundo ainda não o descobriram. Uma vez reconhecido que a eficiência energética é chave na economia mundial do futuro, Portugal beneficiará da sua boa posição neste domínio, especialmente se, entretanto, o País assentar nela a sua estrutura produtiva.

Em termos de sociedade, Portugal também avança. A Universidade do Algarve tem um projecto em comum com a freguesia de Querença, no concelho de Loulé, para combater a desertificação. Oito finalistas universitários, de formação diversa, passarão nove meses vivendo na serra Algarvia, com o objectivo de virem a definir um plano para criar riqueza, revitalizando a comunidade, criando emprego e usando recursos locais. Serão pagos durante o projecto, e se propuserem um plano viável, terão apoio para criar as empresas para o realizarem. Este é exemplo de um novo modelo de inovação e empreendorismo social, apoiado pela academia. (O Público, 15 de Abril, 2011). Um outro exemplo de inovação social é o recrutamento e integração social de ex-reclusos, em curso no município de Sintra.

A inovação na tecnologia e ciência em Portugal é patente. O papel de criatividade no mundo do futuro é reconhecido. Portugal está a inventar novos usos para a cortiça, um produto com características ambientais positivas e abundante no nosso País. Empreendedores sociais estão a dar nova vida aos produtos nacionais tradicionais. Há excelentes designers na moda, joalharia, decoração e outros ramos que ainda não estão reconhecidos.

Eduardo Souto de Moura foi premiado este ano pelo Pritzker Prize, um dos maiores na arquitectura. É o segundo arquitecto português a ser premiado nas últimas duas décadas. Desenhou a espantosa  Casa das Histórias - Paula Rêgo em Cascais, com referências ao Palácio Nacional de Sintra, para exibição da obra de uma das artistas vivas mais reconhecidas na arte contemporânea mundial. As figuras do mundo do football e de fado já têm grande renome e não precisam de ser destacadas aqui.

A admiração é um bom catalisador para atrair investimento. Com a descoberta de novos talentos e novos filões, o interesse em investir aumentará no nosso País. O futuro de Portugal tem de ser construído num mundo com constrangimentos de capital. Tão importante como dar nova vida à economia é trazer de volta os valores intemporais que dão sentido à vida: a natureza, a beleza, as relações humanas, a confiança e a dignidade. Tornar-nos-emos, então, cidadãos e cidadãs verdadeiros de um País do qual nos orgulhamos.

Publicada por Maria José Melo Antunes
em 11 de Maio de 2011, 17:19:01

Mensagem Editada pela Administração

1 comentário:

  1. Para quando uma tomada de consciência das reais capacidades e potencialidades nacionais, para lá do «eterno» coro de «Velhos do Restelo»?

    Parabéns pela chamada de atenção.

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