21 janeiro 2015

Davos 2015
Travar as desigualdades e o desemprego

De novo reunidos em Davos, os “grandes” do Mundo pretendem discutir os problemas com que se vem debatendo o modelo capitalista à escala mundial e procurar rotas de apaziguamento de tensões e conflitos que se perfilam no horizonte do ano em curso.
 
Nos debates certamente serão tidos em conta as recentes análises dos peritos sobre a previsão dos riscos globais para 2015. Nesta perspectiva, ganha relevo o risco geopolítico, que poderá estar associado a conflitos interestatais, ao perigo de recurso a armas de destruição massiva, a redobrados ataques terroristas, e influenciará o andamento da economia global.
 
A previsão de riscos potenciais para 2015 salienta, porém, que existe um outro elevado grau de ameaça, o risco social, agravado se os estados nacionais e as instâncias regionais e mundiais não se mostrarem capazes de resolver ou, pelo menos, minorar as situações de desigualdade, desemprego e precariedade que se vêm agravando em todo o mundo. Em particular, reconhece-se que existe hoje um estado de descontentamento social no interior dos países afluentes que mina os alicerces da democracia e a coesão social e que os governos nacionais, só por si, não conseguem dar resposta no actual contexto de globalização e financeirização das economias.
 
A este propósito, será que os participantes de Davos vão ter a coragem de abordar questões relevantes como os paraísos fiscais, por exemplo, e tomar as resoluções que se impõem sobre branqueamento de capitais, fuga aos impostos, tráfico ilegal de armas, trabalho escravo, corrupção?
 
Será que os participantes de Davos estão disponíveis para celebrar compromisso equivalente à Magna Carta de 2015 assinada em Inglaterra há 800 anos que ponha termo ao actual desemprego massivo, à precariedade e à exploração do trabalho humano, à grande desigualdade na repartição do rendimento e à escandalosa concentração da riqueza em 1% da população?
 
Hoje, em Davos, não estão presentes apenas políticos e empresários; também, à margem do evento, a UNI Global Union, que representa mais de 20 milhões de membros em todo o mundo, quer fazer ouvir a sua voz, demonstrando com números que os políticos e os empresários reunidos em Davos estão sentados num vulcão de descontentamento legítimo, alimentado pelo desemprego, a desigualdade e a austeridade e é de todos a responsabilidade de mudar as causas deste descontentamento. Philip Jennings, secretário-geral da UNI Global Union, defende a assinatura de uma nova Magna Carta em defesa do trabalho com direitos e do emprego. Precisamos de uma Magna Carta inclusiva, para responder à urgência dos nossos tempos, uma Magna Carta em defesa da igualdade, do emprego e do crescimento sustentável. Nós, as pessoas, falámos e Davos deve ouvir e agir, declarou. e acrescentou que está na hora de lembrar que  a democracia foi difícil de conquistar.

Por seu lado, a Confederação Sindical Internacional (International Trade Unions Confederation, ou ITUC) também reivindica mudanças: o actual modelo de negócio é mau para as pessoas, mau para a economia e mau para a estabilidade e a democracia, disse Sharan Burrow, secretária-geral da ITUC. E acrescentou: Os trabalhadores e as suas famílias precisam de um novo modelo de negócio que coloque um fim à desintegração das democracias e das economias. O mundo precisa de investimento e de criação de emprego.

1 comentário:

  1. Os leitores/as terão reparado que no texto existe uma gralha: a Carta Magna que se refere é de 1215.
    Com o meu pedido de desculpas.
    Manuela Silva

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