21 janeiro 2014

A Pobreza no Mundo



Acaba de ser divulgado o Relatório da Oxfam sobre a pobreza no Mundo. Os dados revelados são confrangedores: na primeira década do milénio, apesar de bons propósitos, não só não foi possível reduzir, significativamente, a pobreza nas regiões tradicionalmente mais afectadas, com excepção para a China, como, entretanto, surgiram novos focos de empobrecimento mesmo em países ditos desenvolvidos.

De assinalar que a desigualdade e a concentração da riqueza tomaram proporções avassaladoras, pondo em evidência a fraca capacidade distributiva e redistributiva da riqueza criada. A título de exemplo:       

  •   46% da riqueza do mundo está concentrada nas mãos de apenas 1% da população;
  •  85 pessoas em todo o mundo possuem riqueza que corresponde ao rendimento de 3.5 mil milhões dos mais pobres.

Diante deste quadro, há que mobilizar todos os esforços para que se mantenha na agenda política o objectivo do Milénio sobre a erradicação da pobreza, mas também é indispensável que se revejam em profundidade as estratégias que foram seguidas para o alcançar.

Para tanto, há que ouvir os próprios pobres e acolher as suas sugestões. Neste sentido, o Movimento ATD procedeu a uma ampla auscultação junto dos empobrecidos de vários continentes e com base nas experiências recolhidas propõe que nos programas oficiais e das várias instituições de solidariedade social se tenham em conta os seguintes critérios:

  •     Nunca deixar ninguém de lado. Para isso há que eliminar as discriminações de género, origem social ou derivada da pobreza, em todos os países.
  •     Incluir as pessoas vivendo na pobreza como novos colaboradores na elaboração dos conhecimentos sobre o desenvolvimento.
  •  Promover uma economia que respeite as pessoas e o ambiente, inclusivamente com empregos decentes e uma proteção social.
  •  Encorajar a cooperação dentro das escolas: entre alunos, famílias, professores e autarcas, para que a educação e a formação fiquem ao alcance de todos. 
  •   Promover a paz através de uma forma de governo participativa. Para isso, é necessário ajudar as comunidades a formar as suas próprias organizações de apoio e verificar se as instituições locais, nacionais e internacionais, instalam mecanismos participativos.

Na altura em que se perfila a elaboração de novos programas de luta contra a pobreza vale a pena promover uma ampla e criteriosa reflexão sobre a experiência já havida e dela retirar as devidas consequências.

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