21 outubro 2011

As mulheres e a Economia

Foi preciso esperar até 2009 para vermos uma primeira mulher laureada com o Prémio Nobel da Economia. Foi a americana Elinor Ostrom, professora na Universidade de Indiana, nos Estados Unidos. O carácter inovador da sua investigação enquadra-se numa perspectiva crítica do paradigma convencional dominante da economia neoliberal e concorre para o reforço da importância do ressurgimento da economia política e da economia institucional.

A crise por que passam as economias ocidentais desde 2008 e que foi desencadeada nos Estados Unidos em 2007 por uma crise financeira sem precedentes, vem pôr a nu os limites da ciência económica convencional e das políticas que nela se fundamentam. Veja-se, por exemplo, o que se está a passar com as chamadas políticas de austeridade e as suas consequências do ponto de vista do desemprego massivo, a desvalorização do trabalho humano, a desigual repartição do rendimento, com maior concentração de riqueza e maior risco de pobreza, a ameaça de estagnação económica.

Enquanto a Ciência económica continuar a ignorar ou subestimar os fins últimos de uma ciência ao serviço da organização social e persistir no mero caminho da sofisticação dos meios e instrumentos ao serviço dos chamados ajustamentos estruturais, desconectando-os dos fins de organização da vida pessoal e colectiva, como sucede com o pensamento económico dominante, dificilmente se abrem espaços de reflexão para o indispensável enriquecimento da teoria económica com a perspectiva de género.

A economia feminista pretende afirmar-se como um campo da ciência económica que procura desocultar a presença das mulheres na economia. Para algumas economistas feministas, os grandes desafios com que se confronta o paradigma da ciência económica contemporânea dizem respeito à necessária reconceptualização dos seus fundamentos, nomeadamente a introdução de um conceito de bem-estar, que compreenda a ideia de bem-estar total, incluindo neste conceito não só um mais elevado rendimento como maior igualdade na distribuição do mesmo, sem ignorar na repartição a variável género. (Mészáros, 2002),

Foi este o tema que apresentei no Congresso internacional da AMONET - Associação Portuguesa das mulheres cientistas, que se realizou nos dias 17 e 18 do corrente mês.

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