A expansão económica
registada no último ano, tanto nas economias avançadas como nos mercados
emergentes, suscitou, como é muito compreensível, uma corrente de optimismo,
contrariando as previsões de que estaria no horizonte um futuro de “estagnação
secular”.
Mas pouco tempo durou a
crença naquele cenário: o FMI nas suas projecções para 2018 já reconhecia que o
modesto crescimento seria alimentado pelos mercados financeiros, com pouco
impacto no investimento real, na criação de emprego, na produtividade e nos
salários. Um indicador expressivo desta evolução são os valores muito elevados
da capitalização bolsista em relação ao PIB.
O economista Nouriel
Roubini, apesar de notar que a economia mundial ainda está em expansão, alerta
para sinais de abrandamento na área do Euro, no Japão e em alguns mercados
emergentes mais frágeis, (artigo publicado em Project Syndicate, 18 de julho,
com o título Trump May Kill the Global
Recovery), dando um grande relevo ao impacto negativo das opções de
política norte-americana. Na sua opinião, estas estão a alimentar uma crescente
incerteza e, pela primeira vez numa década, os maiores riscos futuros são o
menor crescimento acompanhado de inflação. Em consequência, admite que em
breve, possivelmente já em 2020, vamos assistir a uma travagem ou mesmo a um
retrocesso na economia global.
Um outro economista bem
conhecido - J. Bradford DeLong -, em Crises,
Rinse, Repeat, Project Syndicate,
4 de abril - é igualmente assertivo no panorama que nos apresenta, concluindo
assim: “Passaram 11 anos desde o começo da última crise e é apenas uma questão
de tempo até que tenhamos outra - como tem sido a regra nas economias
capitalistas modernas, desde, pelo menos, 1825. Quando tal acontecer haverá
margem de manobra na política monetária e orçamental capaz de a enfrentar de
forma a evitar quebras do produto a longo prazo? O actual ambiente político não
inspira muita esperança”.
Facilmente alongaríamos a
lista de economistas - e também sociólogos - que fazem previsões análogas a
estas, ao mesmo tempo que alertam para o facto de não estarem a ser promovidas
as mudanças necessárias, tanto nas políticas como nas instituições.
Muitos e graves são os erros
de Trump, mas é inadmissível que a União Europeia não assuma com determinação
algumas das reformas políticas longamente debatidas, de forma a que, pelo
menos, viesse a ter os meios para limitar o impacto económico e social da
próxima crise.
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