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17 agosto 2018

Uma nova crise no horizonte - os avisos aí estão.


A expansão económica registada no último ano, tanto nas economias avançadas como nos mercados emergentes, suscitou, como é muito compreensível, uma corrente de optimismo, contrariando as previsões de que estaria no horizonte um futuro de “estagnação secular”.

Mas pouco tempo durou a crença naquele cenário: o FMI nas suas projecções para 2018 já reconhecia que o modesto crescimento seria alimentado pelos mercados financeiros, com pouco impacto no investimento real, na criação de emprego, na produtividade e nos salários. Um indicador expressivo desta evolução são os valores muito elevados da capitalização bolsista em relação ao PIB.

O economista Nouriel Roubini, apesar de notar que a economia mundial ainda está em expansão, alerta para sinais de abrandamento na área do Euro, no Japão e em alguns mercados emergentes mais frágeis, (artigo publicado em Project Syndicate, 18 de julho, com o título Trump May Kill the Global Recovery), dando um grande relevo ao impacto negativo das opções de política norte-americana. Na sua opinião, estas estão a alimentar uma crescente incerteza e, pela primeira vez numa década, os maiores riscos futuros são o menor crescimento acompanhado de inflação. Em consequência, admite que em breve, possivelmente já em 2020, vamos assistir a uma travagem ou mesmo a um retrocesso na economia global.

Um outro economista bem conhecido - J. Bradford DeLong -, em Crises, Rinse, Repeat, Project Syndicate, 4 de abril - é igualmente assertivo no panorama que nos apresenta, concluindo assim: “Passaram 11 anos desde o começo da última crise e é apenas uma questão de tempo até que tenhamos outra - como tem sido a regra nas economias capitalistas modernas, desde, pelo menos, 1825. Quando tal acontecer haverá margem de manobra na política monetária e orçamental capaz de a enfrentar de forma a evitar quebras do produto a longo prazo? O actual ambiente político não inspira muita esperança”.

Facilmente alongaríamos a lista de economistas - e também sociólogos - que fazem previsões análogas a estas, ao mesmo tempo que alertam para o facto de não estarem a ser promovidas as mudanças necessárias, tanto nas políticas como nas instituições.

Muitos e graves são os erros de Trump, mas é inadmissível que a União Europeia não assuma com determinação algumas das reformas políticas longamente debatidas, de forma a que, pelo menos, viesse a ter os meios para limitar o impacto económico e social da próxima crise.

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