Já foi publicada a versão
portuguesa do Relatório da OIT sobre a crise do emprego jovem, que contém uma
valiosa reflexão sobre a situação desta variável, a nível mundial.
Em Portugal, a taxa de
desemprego dos jovens conheceu um aumento substancial, desde 2008, a exemplo do
que aconteceu na UE27, sendo mesmo superior (30,1% em Portugal, contra 21,4%,
na UE27, na média de 2011).
De acordo com a OIT, o
desemprego juvenil tem crescido mais rapidamente do que o desemprego total,
situação que também se verifica em Portugal. Embora esta evolução tenha sido
comum aos países em desenvolvimento e nas economias mais avançadas, a crise fez
com que os jovens pagassem o preço mais alto, sobretudo nestas últimas
economias. Ao mesmo tempo, cresceu o tempo de procura do emprego, elevou-se a
parte ocupada pelo desemprego de longa duração, aumentou a taxa de
inactividade, os níveis salariais continuaram baixos e mantêm-se a incerteza e
o desalento por parte dos mais jovens. Tendo em conta as previsões
macroeconómicas, não se esperam porém projecções favoráveis no comportamento da
variável em análise.
Acresce que os jovens
desempregados têm níveis de ensino mais elevados do que o total da população e
que, em Portugal, o aumento registado foi especialmente importante em relação
aos detentores do ensino superior.
Sendo assim, advoga a OIT
que a política de emprego deva dar prioridade aos jovens, sob pena de se estar
a desperdiçar um enorme potencial de capital humano, para o que se torna
necessário tomar medidas inovadoras que facilitem o seu emprego.
No caso de Portugal,
afigura-se que aquelas medidas são urgentes, a par das políticas destinadas a
ultrapassar a crise. A não ser assim, só nos resta um sentimento de impotência,
face às movimentações que se têm vindo a assistir por parte dos jovens
desempregados e dos detentores de empregos precários, que tão veementemente têm
feito ouvir a sua voz.
Estamos, no entanto, confrontados com uma espécie de paradoxo: quando comparamos a situação do nosso país com a de outros, verificamos que a nossa percentagem de pessoas qualificadas (com ensino superior) é mais baixa.
ResponderEliminarContudo, verifica-se, também, que aqueles que já possuem aquela formação não é por essa razão que encontram emprego mais fácilmente.
E pergunta-se, então como se resolve a impossibilidade? Resolve-se aumentando a formação dos empresários e criando condições para que as suas empresas sejam tecnologicamente mais evoluídas e mais competitivas. Quando tal se vier a verificar, certamente que as empresas vão ter necessidade de recrutar mais pessoal com formação superior. Não se vê que seja nesta direção que esteja a ser pensada uma qualquer estratégia de crescimento e de desenvolvimento.
Concordo com o Manuel Brandão Alves. no que se refere à situação em Portugal. Mas talvez seja de acrescentar mais alguma coisa. De facto, numa reunião europeia realizada no ano passado, constatei o espanto dos jovens da Europa de Leste, quando perceberam que as suas preocupações quanto ao futuro eram partilhadas pelos colegas da Europa Ocidental.Imitando o título do filme "Este país não é para velhos", podemos também dizer que "Esta Europa não é para jovens".
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