O Plano de Recuperação e Resiliência tem vindo a ser objecto de algum debate e
consulta, dada a necessidade de recuperar a economia, face aos efeitos
devastadores provocados pela COVID19. O que está em causa, porém, é que a
recuperação seja económica, social e ambientalmente sustentável.
Entre as
numerosas questões que podem ser levantadas a propósito do Plano, figura o que
se pode designar como Transição Climática Justa, entendida como uma repartição
equitativa dos custos associados à transição, a curto e médio prazo.
Se tivermos
em conta o que se está a passar com os encerramentos da Refinaria de Matosinhos
e da Central Termoeléctrica de Sines, podemos concluir que os custos das mudanças
em curso parecem recair exclusivamente sobre os trabalhadores. Não admira, por
isso, que se assista a movimentações de trabalhadores e de sindicatos contra os
encerramentos, face aos efeitos esperados nos empregos directos e indirectos e na
economia das zonas onde aqueles equipamentos estão instalados.
A preocupação com
uma Transição Climática Justa exige que sejam tomados em conta os Direitos dos
Trabalhadores, sob pena de se vir a assistir a uma degradação do Trabalho e das
condições de vida das populações das regiões afectadas pelas mudanças. Sendo
assim, afigura-se essencial uma aliança entre ecologistas e trabalhadores, tal
como foi defendido num recente Seminário Internacional Sindical (http://basefut.pt/institucional/transicao-justa-para-economia-sustentavel-exige-forte-alianca-entre-sindicatos-e-ecologistas/). De acordo
com o que foi aí dito, “…uma transição justa para um outro modelo exige o
planeamento e investimento públicos para assegurar a criação de novos empregos
de qualidade, a formação e requalificação dos trabalhadores e a salvaguarda dos
seus rendimentos. E a única forma de garantir que estes esforços servem
efectivamente o interesse dos trabalhadores é o envolvimento profundo dos seus
representantes”.
Só este envolvimento e uma negociação que contemple todas as
matérias relacionadas com os desafios em presença poderá contribuir para a
realização de uma Transição Climática Justa, que “não deixe ninguém para trás”,
sob pena de estarmos perante meros sloganes.
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