De tudo o que foi dito até aqui é claro que, mesmo numa sociedade fundamentalmente baseada na iniciativa privada, as decisões públicas (quer as de investimento propriamente dito, quer as que visam o êxito dos vários projectos em análise, como sejam as medidas de enquadramento legal, de política fiscal ou outras) assumem um papel relevante pelas mais variadas razões. Com efeito:
a) em geral, é suposto serem directamente dirigidas ao bem comum, indo ao encontro das aspirações sentidas pelas populações, aspirações que a iniciativa privada, por natureza, não satisfaz, necessariamente; para termos uma ideia da vital importância de tais decisões basta pensarmos na situação climática e social a que chegámos, em que começa a estar em risco a sobrevivência da espécie humana e para a qual a iniciativa privada, por si só, não oferece qualquer solução eficaz;
b) têm também um horizonte temporal mais vasto, quer no que respeita à sua execução, quer nos efeitos que proporcionam, dado que, por princípio, não são motivadas por interesses de carácter imediatista;
c)
desempenham muitas vezes um papel inestimável na correcção das assimetrias regionais, uma
consequência directa do natural comportamento das empresas ao escolherem locais
onde sentem poder beneficiar mais de economias externas.
E daqui podemos concluir, para já, da absoluta necessidade de preservar a transparência das decisões públicas e a sua autonomia face a grupos de interesses instituídos (lobbys).
Mas se é certo que há que preservar tal autonomia, também não é menos verdade que há que planear respeitando a necessária interdependência e mesmo coordenação das iniciativas públicas e das decisões de investimento privado.
Só assim se conseguirá conjugar o bem comum numa sociedade aberta que preza a liberdade dos seus cidadãos.
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