09 fevereiro 2015

A questão da dívida, na Grécia, mas não só.



A cada dia que passa, adensa-se a núvem que ameaça a Grécia e que os ventos podem fazer alastrar a toda a União Europeia, com consequências que ninguém sabe prever.

Vários analistas, depois das eleições gregas, afirmavam a sua convicção num desfecho satisfatório das negociações europeias, embora alertassem para a dureza do caminho a percorrer até o alcançar.

Mais recentemente, parecem ganhar terreno as opiniões que vão no sentido de um confronto insanável e de uma crise na zona euro, mas há também alguns sinais contraditórios sobre as posições de responsáveis políticos, a par de  alguma evolução nas  opiniões públicas, tudo contribuindo para a dificuldade de prever o que pode ser o resultado da próxima reunião do Conselho Europeu.

A este propósito, a qualificação desprestigiante dada às propostas gregas pelo Primeiro Ministro do nosso governo, seguida da candidatura a beneficiar dos ganhos eventuais que a Grécia venha a obter, não dão qualquer segurança a uma previsão acerca de qual será a posição que Portugal defenderá perante os seus parceiros .

Será que, no debate que vai ter lugar sobre e reestruturação da dívida grega e as imposições do Pacto Orçamental “A principal oposição não virá da Alemanha, mas de outros países periféricos, tais como Portugal, que não se revoltaram contra a troika”, como escreve  Wolfgang Münchau em artigo publicado no Financial Times on-line de 9 de Fevereiro – “All Grexit needs is a few more disastrous weeks like this”?

Mais do que soluções para problemas imediatos de liquidez, que se espera sejam acordadas, impõe-se uma avaliação crítica das políticas centradas na redução do endividamento público, postas em prática de forma muito violenta e em simultâneo na Europa, as quais, para além da grave  crise social que criaram, falharam completamente  nos seus objectivos .

Acresce que o problema da dívida não é só europeu, pois como se lê no recente  relatório da Mc Kinsey Global Institute - Debt and (not much) deleveraging - nenhuma economia reduziu o seu ratio dívida/ PIB  e a  dívida global  cresceu cerca de 57 triliões de dólares, desde 2007 até meados de 2014, representando 286% do PIB. Aí se refere também que no grupo de países que mais aumentaram a sua dependência da dívida está a Irlanda, seguida de Singapura, Grécia e Portugal.

Como tem razão Paul Krugman quando, em The New York Times de 9 de Fevereiro, escreve “Nobody Understands Debt” !

O que está em causa é entender o papel que a dívida joga na economia e como a politica de austeridade generalizada tem contribuído para agravar os problemas da dívida excessiva.

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